Saudades do tempo antigo.

   Novamente sou assaltado pelas recordações, lembrando-me com intensa saudade do tempo de infância, as boas recordações são tantas, os bons momentos são tantos que fica impossível enumerá-los. Eu guardo tudo no baú de memórias, é o meu tesouro secreto; em geral, quando se trata de guardar algo na memória, não sou lá tão bom, entretanto, quando se trata das memórias de infância, a essas recordo-me com perfeição, como se elas houvessem acontecido no dia de ontem.

   Como muitos já sabem, não é novidade que por diversas vezes mencionei a Fazenda onde nasci em minhas crônicas, fazenda lindoya, lá, garanto-lhe; passei os melhores momentos da minha infância. Não éramos providos das novidades tecnológicas de hoje, não tínhamos celulares, tablets, TV a cabo, series, enfim, todas essas coisas que nos prendem ao sofá. Essas modernidades é o divertimento das crianças de hoje, é a atração que mais os empolga. Mas… No meu tempo, não sabíamos o que era ficar preso e de olhos grudados na frente de uma TV, no entanto, haviam brincadeiras que hoje caiu em descrédito, sequer são lembradas, mas talvez em algum canto desse Brasil, essas brincadeiras ainda resistem ao ataque tecnológico. Quem nunca brincou de pique-esconde, queimada, jogar pião, amarelinha, esconde- esconde, bolinhas de gude; e algumas outras mais, que se eu for mencionar tomaremos muito tempo.

   Mas o objetivo aqui não é exatamente lembrar das brincadeiras em si, mas, exaltar uma época de beleza e de inocência que não vemos mais. O reino encantado descritos nos contos de fada de fato existem? Talvez muitos digam que não, mas tenho que discordar dos senhores, o reino encantado existe sim, claro que não é como nos contos de fada, ao meu ver, ele é ainda mais encantado.

   No meu reino encantado, não haviam fadas ou duendes, mas o que tinha era muitíssimo especial. O cantar dos pássaros ao amanhecer, as pescarias na beira do riacho, o velho fogão à lenha, ou,  Vermelhão como era conhecido; este eu já mencionei em uma crônica exclusiva a ele. Quantas histórias o Vermelhão ouviu, quantos segredos ele esconde, se fosse possível em meu mundo encantado fazê-lo falar, de certo que as suas histórias dariam vários livros.

   Uma das coisas que mais me encantava, era quando chovia a noite inteira, eu e meus irmãos aguardávamos ansiosos o amanhecer, só para ver o quanto o riacho havia transbordado de seu leito. A água barrenta, volumosa retorcendo as touceiras caminho a fora, por vezes, chegava quase ao nível da velha ponte perto da sede da fazenda. Para os adultos aquilo era aterrorizante, ficavam cheios de medo, mas ao meu olhar inocente de criança, era um verdadeiro encanto.

   O tempo passou, como tudo na vida passa, afinal, as coisas boas ficaram no esquecimento, guardado na memória, vivemos em uma nova era, de tecnologias que desafiam nosso raciocínio, creio, que essa nova era não foi feita para nós, mas para nossos filhos, talvez lá no futuro mais distante, essa atual tecnologia se torne retrô, lembranças que nossos filhos e netos recordaram. Bom… aí só o tempo dirá.

 

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 12/07/2017
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