CASARÃO DE ITU

Instalado em terreno onde funcionou um antigo retiro para padres, o Casarão de Itu reúne num mesmo espaço área para camping, chalés, piscinas de águas quente e fria, (muito fria) trilhas, caverna, loja de lembrancinhas, produtos da culinária caseira e industrializados, restaurante, salão para eventos, guias e aqueles recreadores para crianças que pelo exagero dos gestos, caras e bocas e pela gritaria infernal que fazem, tenho a certeza de que pensam que toda criança é idiota e completamente surda.

Nesse dia nove de julho, quando se comemorou mais um aniversário da revolução constitucionalista de 1932 – a chamada guerra paulista do PRP, Partido Republicano Paulista – contra o golpe de Getúlio Vargas, nós fomos conhecer o casarão de Itu e participar da Festa Julina (com todos os ingredientes das festas juninas só que no mês de julho).

A viagem não começou como pretendíamos porque os organizadores, apesar de gentis e atenciosos estão muito longe de serem agentes de turismo e não forneceram o endereço para o embarque com a precisão necessária em local protegido, pois tivemos que ficar por mais de quarenta minutos, expostos à violência das ruas desertas e ao vento frio de 12º C muito antes de clarear o dia.

Como a maioria dos brasileiros, que gostam de fazer as coisas de improviso, de dar um jeitinho e de se contentar com “profissionais meia boca” eles resolveram explorar o ramo do entretenimento para a grupos de terceira idade que, diga-se de passagem, é um filão de mercado bem pouco explorado no Brasil, mas de potencial incalculável.

O aposentado, quando livre da obrigação de sustentar filhos e netos dispõe de tempo, disposição e principalmente dinheiro para as viagens de pequeno circuito, baixo custo, atrativos ligados à religião, gastronomia e festas populares com duração de um dia, do tipo “bate e volta”.

Depois do café da manhã, já no Casarão, num primeiro circuito, com a orientação e supervisão de monitora do local, dentro de fragmento de Mata Atlântica, fomos ver a “cachoeira” que é uma queda d’água de mais ou menos três metros de altura num riachinho que antigamente fornecia água para as residências da cidade de Itu. Apesar de desativadas, ainda restam a caixa d’água e a canalização construídas em 1929.

Após o almoço, dessa vez com os “organizadores” do passeio, fomos visitar a gruta. Andamos por dentro do fragmento da Mata Atlântica, com vegetação densa no sub-bosque e rasteira, árvores de grande porte, (destaque para um belíssimo Jequitibá Rosa - Cariniana legalis), cipós (muitos deles com espinhos) em terreno acidentado, descidas íngremes, subidas de tirar o fôlego de tocador de pífano, em terreno instável, formado pelos pedregulhos da decomposição do arenito e afloramento de grandes blocos rochosos através dos quais se ouve o som de um rio subterrâneo.

Mas a trilha não era a certa, jamais chegaríamos à gruta que está em local diametralmente oposto por onde estivemos caminhando, por mais de duas horas em ambiente cuja umidade relativa do ar estava em torno do 25% e com temperatura de 29ºC.

Então, por puro acaso, vez que estávamos perdidos, encontramos uma estradinha numa clareira de borda da mata que nos levou à sede do Casarão.

Não aconteceram acidentes que poderiam ter colocado um final trágico ao passeio, mas ficou patente a irresponsabilidade dos organizadores do passeio e a importância do trabalho do Bacharel em Turismo, o Turismólogo, profissão reconhecida no Brasil pela Lei nº 12.591 de 19/01/2012, que jamais colocaria em risco a segurança daquele grupo formado por um bocado de “cacos velhos”.