Meu último dia.
Era o meu último dia de trabalho, e eu nem imaginava, eu não sabia que aquele café no restaurante da empresa seria o meu último. Um dia antes; um dos meus colegas de trabalho havia sido demitido -- Ou como eles gostam de dizer, " Desligado. -- O motivo do desligamento do meu colega, a meu ver, foi um exagero, nego-me a comentá-lo, mas, lá ia meu amigo, pai de uma menina de três anos, a caminho do RH da empresa, ele foi acompanhado pelo seu chefe imediato do setor. Eu fiquei muito pensativo, cabisbaixo, triste, sem entender os motivos que levou o engenheiro do setor a fazer uma execução sumária. Na minha modesta opinião, foi uma execução sumária. Eu defendo a ideia de que nenhum pai de família deveria de perder o seu emprego, mas este meu pensamento poético e fantasioso está longe de se tornar realidade, vivemos em uma sociedade totalmente egocêntrica, que pensa unicamente em si mesma.
Em uma rápida análise, percebe-se que existe um número maior de injustiças a cada dia, em todos os setores da sociedade, a classe trabalhadora, os mais pobres, são os que mais sofrem nas garras dos empresários. Nos últimos anos o número de pessoas aposentadas que continuam trabalhando aumentou consideravelmente, pessoas com salários altos, com os filhos já criados, casa com carro na garagem, pessoas que não tem um porquê continuar trabalhando, afinal, já estão com a vida feita, e, essas pessoas acabam por tomar a vaga de outros na empresa. Esses aposentados continuam trabalhando enquanto pais de família com filhos pequenos são demitidos. Realmente eu não compreendo a dinâmica desse mundo capitalista, entretanto, essa é uma triste realidade em nosso país.
Voltando ao início desta crônica, era o meu último dia. Logo nas primeiras horas da manhã, acordei antes mesmo do celular despertar, lavei meu rosto, troquei de roupa e fui direto pra cozinha comer uma fruta antes de sair. Manhã gelada de terça-feira, caminhei lentamente para o ponto de ônibus, o relógio marcava quatro e meia da madrugada. Não demorou muito até o ônibus aparecer, entrei e sentei no primeiro banco como sempre faço todas as manhãs, era a última vez, e eu nem sabia.
Já no restaurante da empresa, sentei-me perto da saída, comi meu pão, tomei um copinho de café, eu não fazia a mínima ideia do que me aguardava, era uma despedida. Dentro da fábrica ouvi o DDS -- Diálogo Diário de Segurança -- Teci meus comentários costumeiros sobre segurança. Terminada aquela etapa me dirigi ao meu setor, almoxarifado do tratamento de gases, faltava alguns minutos para sete horas da manhã quando o meu chefe imediato adentrou no almoxarifado, fechou a porta, eu estranhei aquela atitude, ele começou a me elogiar, de repente, veio o golpe.
-- Tiago… A empresa está passando por reestruturação e você está sendo desligado dela.
Sinceramente amigo leitor, eu congelei naquele momento, foi a pior sensação do mundo, lá foram quinze anos de trabalho, bom, o resto…Como diz um amigo, " Deus sabe."