"Os Olhos,Janelas da Alma?" = Crônica de Desilusão=
Ao vê-lo pela primeira vez, o coração de Elaine disparou. Olharam-se nos olhos, por instantes apenas, e o olhar dele penetrou em sua alma de moça romântica, sensível e sonhadora. Naquele momento, e em centenas de momentos depois, ela pensou que jamais vira homem tão bonito em toda sua vida. Bonito, alto, forte, elegante de porte, e com um olhar que, cada vez mais lhe parecia, transmitia uma personalidade que, assim que ela a conhecesse melhor, mais profundamente, seria inesquecível. Inesquecível como aquela olhar de pura bondade.
Foram muitos os dias até um novo encontro casual. E neste segundo encontro os dois sorriram fugazmente um para o outro. O coração de Elaine quase parou de emoção.
Mais um mês se passou até que se vissem lado a lado no supermercado do bairro e ele perguntou, alegremente, como é que ela estava indo.
- Muito bem, obrigada. E o senhor?
- Senhor? Ora, minha cara, faça-me o favor...Adalberto, às suas ordens. E você, como se chama?
Apertaram-se as mãos formalmente, emparelharam os carrinhos e foram conversando pelos corredores, pegando aqui e ali nas prateleiras o que queriam comprar. Elaine, distraída e emocionada, chegou a pegar ração de gato pensando em seu cão.
Riram, falaram muito, contaram alguma coisa de suas vidas, e ele parecia também encantado em conhecê-la melhor. Solteiro, sem filhos, formado havia poucos anos em engenharia elétrica, viera para São Paulo em busca de maiores e melhores oportunidades e conseguira um bom emprego. A empresa ficava naquela região.
Ao chegarem ao caixa, os dois notaram o olhar arregalado da moça que devia atendê-los e entreolharam-se espantados. Adalberto foi quem fez a pergunta:
- Ei, moça...O que houve? Acaba de ser assaltada? Algum susto, minha jovem?
- Moço, olha lá na tevê o que está acontecendo...Que coisa incrível, meu Deus do céu!! Olha só...Dois aviões atingiram umas torres em Nova York e os prédios estão caindo!! Ai, meu Deus do céu...Estão caindo e virando pó!!
Adalberto e Elaine ficaram em frente ao aparelho de tevê colocado no alto e ouviram em silêncio a pavorosa notícia.
Ainda em estado quase que de choque, apavorada com o que acabara de ouvir, Elaine virou-se para Adalberto à espera de um comentário qualquer e o que ouviu deixou-a horrorizada:
- Moça, que maravilha de atentado! Quem fez isso está de parabéns mesmo! Olha só que competência...Mandaram pro espaço alguns milhares de americanos de uma vez só, em alguns minutinhos! Isso é que é ser bom no que faz; não é?
Elaine não acreditou no que ouviu. Aquele moço com aquele olhar bondoso exultava com a morte de milhares de pessoas por serem americanas? Ou por estarem nos Estados Unidos que abriga gente do mundo inteiro? Era simplesmente incrível tal falta de sensibilidade, de solidariedade, de piedade. Era monstruoso.
Adalberto voltou a sorrir abertamente e perguntou a ela:
- E você, o que acha?
Elaine, moça fina, bem educada, tímida, e sempre respeitosa, deu-lhe uma resposta bem à altura do que ele merecia ouvir.
- Acho que está na hora de você pra puta que o pariu.
E mais não disse. Deixou as compras perto do caixa e foi para casa acompanhar os noticiários o dia todo. Chorando muitas vezes.
Ao vê-lo pela primeira vez, o coração de Elaine disparou. Olharam-se nos olhos, por instantes apenas, e o olhar dele penetrou em sua alma de moça romântica, sensível e sonhadora. Naquele momento, e em centenas de momentos depois, ela pensou que jamais vira homem tão bonito em toda sua vida. Bonito, alto, forte, elegante de porte, e com um olhar que, cada vez mais lhe parecia, transmitia uma personalidade que, assim que ela a conhecesse melhor, mais profundamente, seria inesquecível. Inesquecível como aquela olhar de pura bondade.
Foram muitos os dias até um novo encontro casual. E neste segundo encontro os dois sorriram fugazmente um para o outro. O coração de Elaine quase parou de emoção.
Mais um mês se passou até que se vissem lado a lado no supermercado do bairro e ele perguntou, alegremente, como é que ela estava indo.
- Muito bem, obrigada. E o senhor?
- Senhor? Ora, minha cara, faça-me o favor...Adalberto, às suas ordens. E você, como se chama?
Apertaram-se as mãos formalmente, emparelharam os carrinhos e foram conversando pelos corredores, pegando aqui e ali nas prateleiras o que queriam comprar. Elaine, distraída e emocionada, chegou a pegar ração de gato pensando em seu cão.
Riram, falaram muito, contaram alguma coisa de suas vidas, e ele parecia também encantado em conhecê-la melhor. Solteiro, sem filhos, formado havia poucos anos em engenharia elétrica, viera para São Paulo em busca de maiores e melhores oportunidades e conseguira um bom emprego. A empresa ficava naquela região.
Ao chegarem ao caixa, os dois notaram o olhar arregalado da moça que devia atendê-los e entreolharam-se espantados. Adalberto foi quem fez a pergunta:
- Ei, moça...O que houve? Acaba de ser assaltada? Algum susto, minha jovem?
- Moço, olha lá na tevê o que está acontecendo...Que coisa incrível, meu Deus do céu!! Olha só...Dois aviões atingiram umas torres em Nova York e os prédios estão caindo!! Ai, meu Deus do céu...Estão caindo e virando pó!!
Adalberto e Elaine ficaram em frente ao aparelho de tevê colocado no alto e ouviram em silêncio a pavorosa notícia.
Ainda em estado quase que de choque, apavorada com o que acabara de ouvir, Elaine virou-se para Adalberto à espera de um comentário qualquer e o que ouviu deixou-a horrorizada:
- Moça, que maravilha de atentado! Quem fez isso está de parabéns mesmo! Olha só que competência...Mandaram pro espaço alguns milhares de americanos de uma vez só, em alguns minutinhos! Isso é que é ser bom no que faz; não é?
Elaine não acreditou no que ouviu. Aquele moço com aquele olhar bondoso exultava com a morte de milhares de pessoas por serem americanas? Ou por estarem nos Estados Unidos que abriga gente do mundo inteiro? Era simplesmente incrível tal falta de sensibilidade, de solidariedade, de piedade. Era monstruoso.
Adalberto voltou a sorrir abertamente e perguntou a ela:
- E você, o que acha?
Elaine, moça fina, bem educada, tímida, e sempre respeitosa, deu-lhe uma resposta bem à altura do que ele merecia ouvir.
- Acho que está na hora de você pra puta que o pariu.
E mais não disse. Deixou as compras perto do caixa e foi para casa acompanhar os noticiários o dia todo. Chorando muitas vezes.