ESCREVER PARA NÃO SÓ SENTIR
 
Vim escrever para não sentir.
Não sentir o que estou sentindo desde o começo de dia. Surpreendida com o ser idosa e curtir a vida com alegria, com trabalho, com realização, com amor fraterno por todo mundo, até pelos que estão ao relento desabrigados do frio de 1grau centígrado aqui no Rio.
Idosa preocupada com as estradas mal conservadas e, no momento, com restrição de policiais que guardam as estradas por economia e falta de verba, ficando restrito a atendimento apenas para veículos parados nas estradas. E não haver atendimento para outras necessidades. Ou seja maior risco para quem dirige em viagem por própria conta.
 Pelo meu perfil pode ser visto que sou engenheira civil, trabalhei muito com o concreto armado por vários anos. Depois, mais recentemente fui perita judicial e ganhei muito trabalho e dinheiro.
Era gostoso conversar com os juízes das varas cíveis, quando ia mostrar meu laudo ou abordar alguma dificuldade  ou dúvida. Era bom, pois muito bem recebida e, em geral, os juízes gostavam de um pequeno intervalo com o perito, cujo papo era em outra área de problemas humanos e em engenharia.
Creio que era cansativo e monótono o seu trabalho de Juiz, muito sério, e o laudo era uma janela para o humano da questão. Ríamos e trocávamos figurinhas. O dia ficava melhor para ambos. Em geral gostavam de mim e do meu trabalho. Sempre fui bem considerada e confiável. Acredito que o juiz tinha um momento de descontração do seu ofício diário. Numa fase também, que eu estava muito bonita nos meus 50 anos.
O CREA do RJ e o Sindicato dos Engenheiros estão promovendo cursos  com apostilas de uma revisão de assuntos técnicos que me animaram, como por exemplo o APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVAS, outro de DRENAGENS em estradas, AMBIENTES E SUA ADMNISTRAÇÃO NOS LUGARES DAS CIDADES, E ETC.
Enfim estou animada e saudosa dessas coisas. Descansar um pouco dos BORDADOS.
Fiquei acesa em participar desses cursos e possibilidades de alguns trabalhinhos a mais, dentro da vida real, lá fora na cidade ou nos campos, em lugares acessíveis a minhas dificuldades físicas. Que são os joelhos e um pouco a memória. Fiquei animada como era nos cinquenta.
Mas meu filho logo detestou e não acreditou. Disse com todas as letras que aquilo não era para mim.
E aí fiquei intranquila, se vai ser tratada uma batalha, um incômodo ou sobrar qualquer tarefa para ele.
Enfim, nãodeu retorno até agora.  E hoje tem uma primeira aula.
O sentimento é pena e lamento de não realizar tal proposta.
E o desconforto de uma pessoa tão próxima não confiar em mim. Não ter a menor compreensão.
 
MLuiza