Voto aloprado

Acho que um dos grandes erros em relação à justiça é o fato dos ministros dos tribunais serem indicados para o cargo pelo presidente da república. Ora, seja qem for o presidente ele só indica quem for da sua estrita confiança. Além disso, o indicado, mesmo sendo alguém competente e honesto, vai ficar devendo um favor eterno a quem lhe indicou, e, sejamos francos, como a carne é fraca, sempre vai tentar pagar favor. Alguém pode ponderar que existe a sabatina do senado. Só vai rindo porque se trata de um simulacro, um jogo de cartas marcadas, um ritual manjado, o senado brasileiro não tem credibilidade e nem independência.

Não sei qual seria a forma ideal de indicar ou recrutar os ministros, talvez fosse melhor a escolha se dar por votação entre os juízes e o ministério público, lista tríplice, ou então uma escolha qe abrangesse a participção da OAB e outros órgãos independentes. Entendo que a escolha deveriaser feita com base no merito da competência e de forma que o indicado não ficasse devendo favor. Penso qe quem discorda disso de duas,uma: ou é um mané total e acredita na isenção dos presidentes e e do senado, ou então acredita em papafigo, saci pererê e caipora.

Não posso evidentemente provar nada, apenas diante de algumas decisões fico perplexo. Há ainda o que se diz a boca pequena, que anao levo em consideração, detestofofoca. Mas fiquei impressionado com algo que um amigo me mostrou. Um trecho do livro de memórias do saudoso Saulo Ramos, que foi ministro da justiça de Sarney, o jurista conta que ao deixar o governo o então ex-presidente resolveu se candidatar ao senado pelo esttadodo Amapá. Impugnaram a candidatura e o caso foi parar no STF. Foi quando, na versão dele, um ministro indicado por Sarney teria cagado na bota, ou seja, inesperadamente votado contra o benfeitor.Mas logo depois do gesto de independência telefonou para Saulo e revelou o motivo. Eis a beleza e jóia do diálogo contado no livro "Código da Vida" de Saulo Ramos:

- Doutor Saulo, o senhor deve ter estranhado o eu voto no caso do presidente.

- Claro, o que deu em você?

- É que a Folha de São Paulo, na véspera da votação, noticiou a afirmação de que o presidente tinha os votos certos dos ministros que enumerou e citouo meu nome como um deles. Quando chegou a minha vez de votar, o presidente já estava vitorioso pelo número de votos a seu favor. Não precisava mais do meu. Votei contra para desmentir a Folha de São Paulo. Mas fique tranquilo. Se meu voto fosse decisivo, eu teria votadoa favor do presidente.

- Espere um pouco. Deixe-me ver se compreendi bem. Você votou contra o Sarney porque a Folha noticiou que você votaria a favor?

- Sim.

- E se o Sarney nao houvesse ganhado quando chegasse a sua vez de votar, nesse caso, votaria a favor dele?

- Exatamente. O senhor entendeu?

- Entendi. Entendi que você é um juiz de merda.

Não sei se houve desmentido, parece que não. Como se sabe, Saulo Ramos era um jurista muito respeitado. Se ele botou isso num livro de memórias devia ter base na verdade. Acho qwue o episódio ilustra por que a escolha dos ministros não devia ser feita por indicação do presidente. as eu su apenas um cidadão comum. Um caçador deticacas. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 04/07/2017
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