CAMINHANDO NO TEMPO.
Imagem relacionada
 
 
Pelos caminhos do tempo eu ando. Vezes, ele passa por mim...outras, passo por ele. Quando passa por mim, sua sutileza não me deixa perceber marcas que ficam de cada passo que dou. Não faz ruídos...é discreto. Não faz poesias, não canta... não escreve melodias. Apenas caminha em seu ritmo e aos seus caprichos. Não espera quando anda. Muitas vezes, acho que voa à minha frente e, em outras, seu passo é lento como se quisesse se tatuar...deixar-se inapagável. Algumas marcas ferem a fogo... outras, são passageiras e o vento, quando sopra, apaga suas escritas nas areias.
O tempo tem uma memória indelével. Escreve no éter e registra suas passagens e, em algum momento, nos intervalos de uma vida e de outra, ser-me-á possível rever estes registros, parâmetros para as próximas vivências.
Mas, quando passo por ele, faço-o como quero...como escolhi fazer...como gosto...como acredito. Passo em cada uma das vielas e até por longas vias olhando para os lados, observando detalhes que não vi antes, quando ele passou por mim. Anoto pequenos momentos, rostos, palavras... guardo passos que andam ao meu lado... mãos que retém as minhas...olhos que miram as estradas e depois, descansam nos meus.
Passo pelo tempo e retenho mensagens, pequenas  passagens e, mais do que miragens, são o sentido que dou à vida. Ando por jardins que rescendem perfumes diferentes, espalham cores e beleza das flores de vida curta que deixam, de sua existência, a essência e a beleza de um momento. Toco as flores e amo o amor. O amor me ama e me busca e... eu me dou na proeza de um instante longo que escrevo em versos. Guardo sonhos...teço expectativas...alimento amores... espalho sementes e colho flores.
Ando pelo tempo e o tempo já não passa por mim. Caminho ao seu lado para não sentir seu abraço sufocante e nem tropeçar nas pedras que deixa atrás de si. Tempo não se cansa... não envelhece e, por isto, não permite meus sonhos envelhecerem e se tornarem cansados de existir. Se meus sonhos existem, existo também...se persistem, persisto. Quando se dispersarem no universo, dispersar-me-ei nas rimas que compõem os sons que canto...nos poemas que escrevo...nos pensamentos que libertarei e, como aves, voarão pelo espaço, até que em outra vida os encontre e faça, deles, novas poesias...um novo sentido de viver!
   b534967e3b6c8061716ab95e022e1cf5.jpg
Najet, 14 de Março de 2017

Linda interação de Deyse Felix...obrigada, poetisa!

"
 É semelhante ao que penso.
Esse tempo me abraça
e eu o empurro para o lado.
Mas ele é terrível,
quer de novo me abraçar,
segurar, impedir minha caminhada.
Então eu, novamente, o empurro.
Assim seguimos. "
-.-.-.-.-
Najet Cury
Enviado por Najet Cury em 03/07/2017
Reeditado em 15/11/2017
Código do texto: T6044955
Classificação de conteúdo: seguro