A TRAIÇOEIRA ILUSÃO DA ESPERA

A vida é uma passagem, sim, ninguém vai ficar pra semente, como ele mesmo dizia, mas não há cristão no mundo preparado para a despedida.

Por mais que a razão nos diga que isso é a vida, que é assim mesmo, que a única certeza que temos é que ela acaba uma hora qualquer, é difícil aceitar a partida das pessoas que amamos.

Por isso me despedi do meu amor perdida em lamentos, e no mais absurdo egoísmo eu me perguntei “por que não com outra pessoa?”. Fiz meus questionamentos, em frustradas tentativas de entender por que tão rápido e da forma que foi.

Tenho plena consciência de que há um tempo certo de vida neste plano para cada um de nós, e que ninguém sabe qual. Exatamente por isso tanto sofrimento diante do inesperado, porque eu não podia ter deixado nada pra depois. Mas deixei.

Errei ao confiar que pudéssemos ter outro momento para reconsiderar nossas decisões.

O consolo é a certeza de que essa dor me rasgando por dentro vai passar, eu sei, pois há um Deus mais forte do que tudo isso, que nos faz vencedores diante do mal e da dor, mas a minha fragilidade diante da perda me enche de culpa e remorso, uma sensação ruim pelo que faltou.

Arrependimento? Talvez! Eu deixei que a vida cuidasse de arranjar tudo, confiando que ao final, no tempo certo, tudo se encaixaria.

Havia uma promessa guardada: envelhecer juntos. Ele disse isso, eu disso isso, mas faltou qualquer coisa, que eu não consigo entender agora, e isso está me matando.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 27/06/2017
Código do texto: T6038953
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