PONTO, UMA VÍRGULA!
É incrível, mas o que mais atrapalha as pessoas que escrevem é a vírgula, um sinalzinho de nada. Cada um quer colocá-la onde acha que deve. Seria um bom princípio se houvesse uma certa coincidência.
Uma vírgula tem o poder de alterar o sentido da frase: “o homem, triste com o acontecimento, adoeceu” não é o mesmo que “o homem triste, com o acontecimento adoeceu”. “Maria canta uma música alegre” não é o mesmo que “Maria canta uma música, alegre”.
Utiliza-se também a vírgula para delimitar o alcance de sentido de alguns termos. “As árvores, carregadas de frutos, foram derrubadas”. “As árvores carregadas de frutos foram derrubadas”. No primeiro caso, entende-se que todas a árvores de um determinado local estavam carregadas de frutos e foram derrubadas. No segundo caso, somente o foram aquelas que estavam carregadas de frutos.
Para evitar transtornos na frase, é suficiente adotar o seguinte método: não separar por vírgula os termos que são ligados entre si, como sujeito e verbo, verbo e complementos, mesmo que se julgue existir uma pausa entre eles. Não escreva, portanto, “o carro pintado de azul, desceu a ribanceira”. Ou ainda: “o homem comprou, tudo que queria”. Somente se admite vírgula nesses casos quando se intercalam termos ou frases. “O homem comprou, no começo do mês, tudo que queria”.
Após “que” e “e”, igualmente, só se colocam vírgulas se houver termos ou frases intercalados. Sei apenas que todos se retiraram. Sei apenas que, após o trabalho, todos se retiraram. João fez uma compra e não conseguiu pagar. João fez uma compra e, tendo perdido a carteira, não conseguiu pagar. Notaram a diferença?
Outra coisa: ponto não é vírgula. Evite complementar suas frases após haver colocado ponto final. Ex: O homem tirou a roupa. Colocando-a sobre a cama.
É isso, leitor. É o mínimo para ninguém se atrapalhar com a vírgula.
Extraído de meu livro "Mostrando a Língua - Crônicas sobre linguagem"