A Fogueira... de S. João
 
Haja luz! A humanidade foi além e produziu o fogo.
Não só produziu como não se conformou a ficar em volta da fogueira. Com o fogo conquistou a dominação do planeta. O utilizou para sobreviver, domar e tomar. Evoluiu assim tornando-se o primata mais violento. Para conter-se, criou a cultura para se humanizar (será?).
 
Com o fogo conquistou chão e sobrepôs-se aos mais fracos. Criaram-se impérios.
Na formação imperialista inquiriu. Todos que discordavam com aquela cultura padecia na fogueira da  Inquisição. Ou isto ou dizia-se amém para a geopolítica da religiosidade. No verão do clima temperado e no inverno tropical expandiu a fogueira evangelista de São João. O “mal” é queimado nestes dias para renovação do “bem” nas sociedades agrárias do cristianismo.
 
A fogueira desperta festividades em adultos e em crianças. Ela atrai a  atenção para a magia do fogo. Nunca nos esquecemos das fogueiras de São João de nossas infâncias.
Na escola as festas juninas eram tão ensaiadas e contidas. Até que na casa do Fábio, o vizinho da frente, crianças e adultos idealizaram uma festança. O clima uniu toda a vizinhança no pomar da casa. Nunca havia visto fogueira tão alta e o momento crucial foi a queima daquele amontoado de paus e gravetos. A mãe do vizinho propôs: - vamos fazer seresta!  A cantoria começou e foi até quando houve brasas para assar batata doce.
 
Outra inesquecível fogueira de infância foi na rua de baixo. Passamos o sábado limpando o lote abandonado. Montamos barracas. Amontoamos lenha. Enfeitamos com bandeirinha de papel de seda. Chegou a noite. Acendemos fogueira e bebemos quentão.
 
Encerrou-se a infância. Aqueles meninos e meninas nunca mais se encontrariam porque a vida levaria cada um para seu canto a que vieram.
Acenderam novas  fogueiras  de São João e a vida ficou diferente. Nada permaneceu porque nada é para sempre. Se fosse não conheceríamos a  saudade.
 
É nova noite de São João!
 
Que seja acessa uma fogueira tão grande capaz de queimar a ignorância e a pobreza. Que queimem nela a quadrilha que sempre assaltou o brasil que cozinha a canja e o pinhão para o povo se alimentar.
 
Haja um novo Brasil mais lúcido e participante da verdadeira democracia.
 
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 24/06/2017.


   
 
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 24/06/2017
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