Faz de conta
Um tribunal eleitoral que se omite quanto a um julgamento em que abunda a existência de provas de “práticas eleitorais corruptas”, presta o maior desserviço à Justiça do país e ao seu povo. Que anseia por ver punidas as pessoas contra quem são inquestionáveis as comprovações das ilicitudes que cometeram, independentemente de todo o poder de que estão ou foram investidas.
Bastará um nível não muito significativo de esclarecimento para que a sociedade perceba que um tribunal nessas condições não tem a menor razão de existir. Como de fato, segundo lemos nos jornais, “só existe no Brasil e em poucos países periféricos”.
Mais uma vez estamos diante do exemplo de que a participação do povo é nula em uma questão crucial e do interesse de todos os brasileiros. Mais de 200 milhões de cidadãos ficam nas mãos de seis ou sete juízes com seus egos inflados e modos peculiares de encarar o problema. E o fazendo não à luz do isento exame das provas e documentos dos ilícitos cometidos, mas possivelmente ao sabor de interesses disfarçados, acabam por revelar “a dificuldade que nossos juízes têm em aplicar a lei sem olhar quem sofrerá as consequências”.
Trata-se de mais um faz de conta na vida dos brasileiros. Faz de conta que elegemos quem queremos, o que não acontece porque somos obrigados a eleger; faz de conta que os políticos governam segundo os interesses do povo, o que não acontece porque a sociedade não participa das decisões dos que governam; faz de conta que a Justiça existe para a garantia de que todos, sem exceção, estejam ao alcance da lei, o que não acontece, a julgar, por exemplo, pelos trabalhos conduzidos hoje por esse TSE.
Já disseram que em nosso país não existem negócios que não se façam sem corrupção. Podemos complementar com a afirmação de que nas negociações hão de predominar sempre os interesses, até os mais escusos, quaisquer que sejam os piores (ou melhores) resultados previstos para as partes envolvidas.
Rio, 09/06/2017