FALANDO EM AZALÉAS...
junho/2011
Antes que mudassem para outro enderêço,ele sulcara a terra plantando algumas árvores frutíferas,ervas medicinais e arbustos ornamentais em frente à nova moradia.
A esposa desejava que as futuras janelas ,quando abertas, espiassem uma paisagem, senão igual, ao menos com alguns traços de semelhança àquela que estava prestes a deixar para trás.
Uma calçada de tijolos, (já desbeiçada pelo tempo) ,bordada de cravinas e gerânios, uma trepadeira de cachos cor de violeta emaranhada nas muitas pereiras e um grande arbusto de azaléas proximo à janela do quarto, florida por inteiro à cada fim de julho.
É claro que um cenário assim é resultado de longos anos, mas...Acreditava ela nos muitos janeiros que lhe haveriam de ser concedidos e, assim, a graça da visualisação das floradas que lhe davam tanto gosto.
Abnegado, ele fez brotar na direção do quarto do casal um pé de azaléas, uma camélia um pouco à esquerda e um ipê amarelo no canto do muro.
O tempo correu e , acabrunhadas, vieram as primeiras flores.
Juntos, vivendo o que se denomina de “melhor idade”, percorreram por muitas vezes o pequeno jardim acompanhando as vidas daquelas plantas.
E vieram novos finais de julho...
As azaléas receberam da natureza a certidão de maioridade e donas de si esbanjaram-se em cores e cheiros.
Surpreso, um certo dia ,ele a viu empreender uma longa viagem muito antes de retomar a tão sonhada visão da antiga janela.
Agarrado às lembranças, sozinho, ele percorria de cuia na mão o espaço florido que dedicara à companheira.
Nas manhãs de domingo procurava por ela.
Quando julhos acenavam em despedidas , um ramalhete colhido no jardim enfeitava os encontros.
A inquietude da espera levou-lhe a partir também.
E o fez num começo de agosto deixando para trás duas janelas solitárias divisando as cores brotadas de suas mãos .
Então novos finais de julho insinuaram-se floridos, ainda que nostálgicos.
A azálea, adulta, enfeitada em vão adivinha agora diante da caliça, olhares além daquelas janelas que não mais existem.
Desapontada, posa para a câmera.
Tomado de emoção o pseudo fotógrafo capta o instante mágico.
No visor , um arbusto ricamente florido.
Junto, a estranha sensação de que olhares invisíveis, numa ternura antiga , também vislumbram o cenário.
“Ao casal:Hilda e Jango, meus saudosos pais, onde quer que se encontrem”
Comentários:
14/07/2011 19:18 - magda crovador
Joel, não me mata do coração. Primeiro a visão majestosa das lindas azaléias. Depois me lembrei de uma casa colonial cheia de azaléias, plantadas por mim. Lá morei por alguns anos. E aos poucos vou mergulhando nos pequenos e poéticos detalhes do teu linguajar,tão teu. Crônica belíssima! Parabéns. Boa noite.
18/06/2011 00:47 - Karla Osinski Ferreira [não autenticado]
Maravilhoso o texto. Como eu era criança, pequena, achava aquelas árvores enoermes. E acabo de lembrar do TECO, que eu via pela porta da cozinha. Fiz uma maravilhosa viagem no no tempo. Obrigada.
16/06/2011 16:13 - Jane Lopes [não autenticado]
Rico em cores,emoção,eternas saudades e de uma imensa e intensa sensibilidade. Deixo-te uma linda flor de pereira (tuas preferidas!). Abraços Fraternos sempre.
12/06/2011 13:34 - YARA FRANÇA
FABULOSO E MEU ENCANTO DEU-SE EM FUNÇÃO DAQUELE CASAL QUE PLANTOU TUDO AQUILO Q AINDA HOJE ENCANTA OUTROS OLHOS. PLANTAR É UM ATO DE AMOR E GENEROSIDADE COM TODOS. SEUS OLHOS CAPTARAM A BELEZA DISSO TUDO E A BELEZA DO GESTO DAQUELE CASAL.
11/06/2011 21:21 - lilianreinhardt [não autenticado]
Sublime mensagem, sublime bouquet em versos, azaléas guardam a essencia dos olhares da alma além do tempo! abraços
11/06/2011 18:33 -
Vislumbrei sim, meu amigo, com os olhos e sentind até o aroma! Especial! Parabéns!
09/06/2011 23:41 - Lili Maia
Uma delícia de texto, carregado de um perfume inconfundível de saudade! Gostei muito. Boas letras e abraços daqui
09/06/2011 22:37 - Anita D Cambuim
Que texto sensível. Você tem o dom de tocar as pessoas. Certamente os seus pais visitam a antiga morada.Que casal harmonioso você nos apresentou. Abraço e boa noite.
09/06/2011 22:22 - cavenatti
às flores os deuses ... aos deuses as flores.
junho/2011
Antes que mudassem para outro enderêço,ele sulcara a terra plantando algumas árvores frutíferas,ervas medicinais e arbustos ornamentais em frente à nova moradia.
A esposa desejava que as futuras janelas ,quando abertas, espiassem uma paisagem, senão igual, ao menos com alguns traços de semelhança àquela que estava prestes a deixar para trás.
Uma calçada de tijolos, (já desbeiçada pelo tempo) ,bordada de cravinas e gerânios, uma trepadeira de cachos cor de violeta emaranhada nas muitas pereiras e um grande arbusto de azaléas proximo à janela do quarto, florida por inteiro à cada fim de julho.
É claro que um cenário assim é resultado de longos anos, mas...Acreditava ela nos muitos janeiros que lhe haveriam de ser concedidos e, assim, a graça da visualisação das floradas que lhe davam tanto gosto.
Abnegado, ele fez brotar na direção do quarto do casal um pé de azaléas, uma camélia um pouco à esquerda e um ipê amarelo no canto do muro.
O tempo correu e , acabrunhadas, vieram as primeiras flores.
Juntos, vivendo o que se denomina de “melhor idade”, percorreram por muitas vezes o pequeno jardim acompanhando as vidas daquelas plantas.
E vieram novos finais de julho...
As azaléas receberam da natureza a certidão de maioridade e donas de si esbanjaram-se em cores e cheiros.
Surpreso, um certo dia ,ele a viu empreender uma longa viagem muito antes de retomar a tão sonhada visão da antiga janela.
Agarrado às lembranças, sozinho, ele percorria de cuia na mão o espaço florido que dedicara à companheira.
Nas manhãs de domingo procurava por ela.
Quando julhos acenavam em despedidas , um ramalhete colhido no jardim enfeitava os encontros.
A inquietude da espera levou-lhe a partir também.
E o fez num começo de agosto deixando para trás duas janelas solitárias divisando as cores brotadas de suas mãos .
Então novos finais de julho insinuaram-se floridos, ainda que nostálgicos.
A azálea, adulta, enfeitada em vão adivinha agora diante da caliça, olhares além daquelas janelas que não mais existem.
Desapontada, posa para a câmera.
Tomado de emoção o pseudo fotógrafo capta o instante mágico.
No visor , um arbusto ricamente florido.
Junto, a estranha sensação de que olhares invisíveis, numa ternura antiga , também vislumbram o cenário.
“Ao casal:Hilda e Jango, meus saudosos pais, onde quer que se encontrem”
Comentários:
14/07/2011 19:18 - magda crovador
Joel, não me mata do coração. Primeiro a visão majestosa das lindas azaléias. Depois me lembrei de uma casa colonial cheia de azaléias, plantadas por mim. Lá morei por alguns anos. E aos poucos vou mergulhando nos pequenos e poéticos detalhes do teu linguajar,tão teu. Crônica belíssima! Parabéns. Boa noite.
18/06/2011 00:47 - Karla Osinski Ferreira [não autenticado]
Maravilhoso o texto. Como eu era criança, pequena, achava aquelas árvores enoermes. E acabo de lembrar do TECO, que eu via pela porta da cozinha. Fiz uma maravilhosa viagem no no tempo. Obrigada.
16/06/2011 16:13 - Jane Lopes [não autenticado]
Rico em cores,emoção,eternas saudades e de uma imensa e intensa sensibilidade. Deixo-te uma linda flor de pereira (tuas preferidas!). Abraços Fraternos sempre.
12/06/2011 13:34 - YARA FRANÇA
FABULOSO E MEU ENCANTO DEU-SE EM FUNÇÃO DAQUELE CASAL QUE PLANTOU TUDO AQUILO Q AINDA HOJE ENCANTA OUTROS OLHOS. PLANTAR É UM ATO DE AMOR E GENEROSIDADE COM TODOS. SEUS OLHOS CAPTARAM A BELEZA DISSO TUDO E A BELEZA DO GESTO DAQUELE CASAL.
11/06/2011 21:21 - lilianreinhardt [não autenticado]
Sublime mensagem, sublime bouquet em versos, azaléas guardam a essencia dos olhares da alma além do tempo! abraços
11/06/2011 18:33 -
Vislumbrei sim, meu amigo, com os olhos e sentind até o aroma! Especial! Parabéns!
09/06/2011 23:41 - Lili Maia
Uma delícia de texto, carregado de um perfume inconfundível de saudade! Gostei muito. Boas letras e abraços daqui
09/06/2011 22:37 - Anita D Cambuim
Que texto sensível. Você tem o dom de tocar as pessoas. Certamente os seus pais visitam a antiga morada.Que casal harmonioso você nos apresentou. Abraço e boa noite.
09/06/2011 22:22 - cavenatti
às flores os deuses ... aos deuses as flores.