BREVE DIALOGO.
" Preciso execrar as ervas do meu pomar, elas estão subtraindo minha produção, e é destrutiva para os olhos e a alma". Essa foi a frase que ouvi de um cliente que padece de uma patologia contornável.
Ele referia a invasão das ervas daninhas a sua chácara. A chácara é um pequeno universo que nos da dimensão do macro, de como as ervas daninhas podem inviabilizar a satisfação do corpo e da alma. Corpo e alma andam de mãos dadas , um é a sombra do outro, e não há um que se sobrepõem ao outro de forma onipotente.
Enquanto nosso dialogo ia se adiantando, esta reflexão adentrava em mim e aguçava essa crônica que ora escrevo, enquanto ele se preocupava com o micro, o macro recaia sobre minha imaginação como uma avalanche que desliza numa tempestade.
Na nossa rotina diária numa casa de saúde, o tempo encurta em relação á alta demanda, e nesse pouco tempo de escuta, me perdi por um breve instante. Foi quando ele , o cliente, me fez uma advertência,você deu um belo voo, pelo visto, pousou em outras esferas.
Retornei a aquele ambiente delicado, realinhei-me , e estiquei o pavio do discurso.É ,fui longe, percorri por um pomar vasto, onde as ervas daninhas invadem toda nossa propriedade, aniquila nossas arvores promissoras, parasitam nossas expectativas, nos tiram o sono, invadem nossas despensas, e aos poucos invadem nossos estômagos e podem nos tirar a vida. São essas ervas que precisamos execrar .
Ele me olhou com um olhar de interrogação, como um maratonista que não entendeu a sinuosa pista. Deu um sorriso de desentendido, e me interpelou, é bom ser mais claro, para a escuridão de uma sala , nada melhor que uma janela aberta. Então eu sai das parábolas, e coloquei a matéria translucida sobre a mesa. A pior erva meu irmão, são os conchavos e o mundo embaraçoso das más praticas politicas, ele então viu por esta janela ,que o problema dele era pequeno, e o nosso era do tamanho do mundo, ele me apertou a mão e disse acertou na mosca,nos despedimos, me retirei, e fui para outras escutas.