SOMOS TODOS HILÁRIOS
Uma senhora de quase 80 anos foi atropelada por um bichinho de pelúcia motorizado num Shopping Center em Porto Alegre. Este brinquedo é uma espécie de quadriciclo sem graça, mas que as crianças adoram, que você aluga por alguns minutos e paga uma nota.
Detalhe, quem pilotava o brinquedo era outra idosa que, segundo depoimento da filha da vítima, ao registrar o B. O, fugiu do local sorrateiramente sem prestar socorro.
Isso mesmo que você leu, tudo isso aconteceu de verdade.
No relato, Sueli, a filha, alega que a mãe estava distraidamente olhando a vitrine de uma loja quando o veículo veio em “alta velocidade” e acertou por traz, de supetão.
Já em sua defesa o shopping contestou dizendo que a vítima foi atropelada ao caminhar para traz invadindo a área por onde o ursinho rodava.
É lógico que agora começa aquele disse me disse sem fim, onde as partes envolvidas querem sempre colocar a culpa no outro e que certamente irá prolongar a pendenga por muito tempo.
Que se haverá de fazer se nossa legislação de trânsito e assaz intrincada e a justiça neste sentido é bastante morosa. Paciência.
Me faz lembrar o caso da lesma que, tendo sido atropelada por uma tartaruga, também vai a delegacia registrar queixa. Quando o delegado pergunta os detalhes, a lesma, ofegante e nervosa, após tomar um copo de água com açúcar responde:
- Não sei, seu delegado, aconteceu tudo tão rápido.
Eu fico imaginando o depoimento da vítima, seu nervosismo, a preocupação de quem anotava o relato. E a foragida? Onde estaria escondida? Como estaria se sentindo? Assumiria a culpa?
Penso como algumas pessoas são felizes. São felizes aquelas pessoas que tem preocupações deste quilate para se . . . preocuparem.
Penso que viveríamos num mundo mais ditoso se nossas encrencas cotidianas fossem como as destas senhoras.
Somos todos muito estressados com os afazeres do dia a dia e esquentamos demais a cabeça por acontecimentos que, de pequenos que são, tornam-se hilários. Somos todos hilários.
Não que eu esteja menosprezando o acidente da dona Maria Elisa, apenas observando que a vida pode ser mais amena e menos preocupante do que acreditamos seja.
Somos experts em fazer tempestades em copo d’água, superdimensionando situações e ocorrências, posicionando-as ao tamanho de nossos medos e incertezas. E o que são nossos medos senão a falta de confiança em nós mesmos?
Isso mesmo senhora, curta sua vida, gaste sua energia em coisas que lhe deem prazer, usufrua dos seus anos de vida pois os bons momentos não voltam mais. Use e abuse das oportunidades que a vida lhe dá.
Mesmo que seja se aventurando inconsequentemente em um ursinho de pelúcia motorizada em um shopping qualquer.
Mas, por favor. Dirija com atenção.