Luz no fim do túnel
Quando você pensa que nada de novo pode acontecer, lá vem a vida e te surpreende novamente. Mais um dia de aula no Ensino Médio de uma escola pública, trabalhando a apostila do Estado, apostila essa que não tem muito a oferecer, me deparo com um texto da Rosely Sayão sobre a adolescência e ao trabalhar a primeira parte do texto com os alunos, vejo um pretexto pra discutir essa fase da vida. Perguntei aos alunos se eles achavam difícil ser adolescente e a maioria disse que sim, então decidi fazer uma lista dos problemas, dos assuntos que são mais complicados para eles, os alunos começaram a dizer as inúmeras situações problemáticas que enfrentam na adolescência e aí foi muito bacana, porque eu consegui estabelecer um canal de comunicação, pela primeira vez em algum tempo eu consegui de verdade sentir essa ligação com os alunos, tocar um pouco no que eles têm de mais íntimo, de mais verdadeiro. Falei da questão hormonal e eles começaram a me contar seus problemas, a falar sobre a falta de compreensão, sobre as dúvidas, sobre a raiva. Lembrei-me da minha história, da minha adolescência e falei um pouquinho de alguns dramas desse momento da minha vida e, pasmem, foi uma benção, foi bacana me sentir mais próxima deles. Foi legal! Faz tempo que eu não me sinto assim no exercício da minha profissão. Eu senti hoje em sala de aula uma ligação com os alunos, não sei se isso acontecerá de novo, mas espero de coração, de verdade que aconteça mais vezes. Estou ciente de que eu posso ajudá-los e de que eles podem me ajudar também. Senti de verdade uma troca, uma partilha verdadeira de experiência de vida e de conhecimento pois foi o texto da Rosely que suscitou esse momento " a la Clarice Lispector".
30/03/2016