ONDE ESTÁ A PAZ?
O QUE É A PAZ?
Não são somente as consciências dos justos que passam a jornada terrestre sem promover conflitos de diversas espécies.
O ser humano convive com a ameaça da dor.
Qual dor?
A dor das perdas, a angústia do inevitável que surge sem avisos retirando o que seria uma paz vivida.
O envolvimento pelo amor a todos os entes queridos é cercado de sombras por estas ameaças latentes e reais.
Que se ponha de lado perdas materiais que não envolvem sentimentos, mas que também trazem dor.
Impossível viver a plena paz.
Onde ela estaria?
Em compreensão que não temos. Não está disponível para todos os humanos. Mas há uma pequena luz.
Qual a razão de sermos dotados de consciência da dor? Por que animais vivem uma vida sem dor afetiva nas perdas, embora demonstrem apego a seus donos pelo instinto?
Por que nos foi dado mais que instinto, racionalidade que dirige uma consciência que sente além da dor física, alcança um estrato nominado alma?
Uma fina cortina pode ser descerrada por alguns para visibilizar essa questão discutida e a princípio figurando como encerrada à inteligência que nos foi dada e a nenhum outro animal. Chama-se compreensão, não muito elástica, porém existente nestes espaços interrogativos.
Se há em todos os seres vivos exclusivamente um que pode formular um nível de sentimento que colocou valores na escala dos sentimentos por pensar, a que se deve isso?
Há algo maior que pode fugir à compreensão quando indevidamente tratado.
Nessa fronteira entre a dor e a compreensão reside a definição. Ela está na paz.
Não haverá paz na vida terrena, ela só surge em outro espaço, onde não há mais dor ou sua ameaça permanente. Essa visão de uniformidade entre corpo e alma explica a singularidade do homem, único ser vivo que pensa. Animais que vivem por instinto não têm ameaça à sua paz enquanto vivem, não precisam de paz, não há consciência da ameaça, da dor.
Não lhes foi reservado algo ou alguma coisa que incorpora o etéreo que habita o homem em seu corpo, uma outra vida onde estaria a paz. Nada existe sem causa eficiente.
A VERDADEIRA PAZ DA CONSCIÊNCIA ESTÁ APÓS EXTINTA A VIDA MATERIAL.
Essa a verdadeira paz.
Santo Agostinho em suas “Confissões”, uma de suas obras que fez a ponte entre a convulsão do corpo e a ligação com a transcendência de Deus, aprendendo-O genialmente como se fosse a própria imanência, surgindo o sumo valor como a paz, exortando ser ainda sua alma estreita habitação para recebê-lo, por estar em corpo, diz em “Lágrimas do Pródigo”: “Quem me dera repousar em vós, Quem me dera que viésseis ao meu coração e o inebriásseis com a vossa presença para me esquecer de meus males e me abraçar convosco, meu único bem.” Confissões. Santo Agostinho.
É essa paz que afasta definitivamente a dor; "PARA ME ESQUECER DE MEUS MALES".