DENTRE VIVÊNCIAS, RESGATAMOS NOSSO MODO PURO DE VER O MUNDO

Segue o relato de uma experiência edificante que tive a oportunidade de ter como símbolo de acréscimo intelectual e espiritual em minha vida.

Os confesso com toda sinceridade que, fiquei surpreso quando me foi feito o convite.

Sim, pela instituição de grande renome representativo na formação de crianças e adolescentes em minha cidade. Tendo a ideia de que, todo ser humano, dentre sua simplicidade e humildade obrigatoriamente conservável durante a vida, sempre terá algo positivo a oferecer.

A poucos meses, me foi feito um convite para que estivesse juntamente com mais alguns companheiros de caminhada, palestrando no Colégio Anchieta de Nova Friburgo para turmas de crianças do segundo ano.

Na proposta, nos foi informado que teríamos de estabelecer uma descontraída conversa com as crianças sobre nossas deficiências, agregadas as nossas rotinas diárias. Identificando nossas vivências, superações e enfrentamentos de nossas limitações, visando o tema: "Nas diferenças somos todos iguais".

O que se deu posteriormente, foi uma maravilhosa tarde de aprendizado e acréscimo intelectual e moral para todos nós!

Referente as experiências e resultados obtidos? Os melhores possíveis!

Desde a ida até o Colégio, chegada e passeio pelas dependências do mesmo. E o momento mais esperado, que foi o nosso bate papo com os alunos.

Eu, (deficiente visual), Júnior (surdo) e Suelen (intérprete de libras, sendo também, sua esposa).

"Se me permitem uma pequena pausa para comentários consideravelmente agregadores ao leitor"...

Confesso que desde minha chegada a fase adulta, sempre estive um pouco distante de crianças.

Seja por minha deficiência e tais comunicações não tivessem se dado de modo tão satisfatório, ou que eu somente tivesse de aguardar para abrir minha nova janela desse tão belo mundo!

Voltando ao texto, tivemos logo na chegada, a melhor recepção possível.

Consideravelmente, durante nossa estadia pelo colégio, pudemos apreciar uma das melhores sensações de paz e ordem que um ser umano pudesse ter.

Seja pela tranquilidade do lugar, ordem e direcionamento dos professores para com seus alunos e visse versa.

Se tem algo que encontramos muito em outras escolas ou lugares com grandes números de crianças:

São gritos, exaltamentos e possíveis descontroles por parte de ambos.

Fatos destacados acima, que em nenhum momento este escritor teve de presenciar.

Dadas as orientações de como procederíamos com a chegada dos alunos, estes, logo foram sendo organizados na porta da sala para que pudéssemos os recepcionar.

Simplesmente, belos!

Logo pensei:

"Quantos estão olhando para mim?

O que estão pensando?

Será que se perguntam quem são essas pessoas?

E por mais que não tenha ouvido qualquer murmurinho, será que alguém está fazendo algum sinal um para o outro, dando algum tipo de risadinha"?

De fato, nada!

Foram chegando, sendo orientados brevemente pelas professoras quanto ao acento que deveriam se posicionar, e deu-se o nosso descontraído bate papo.

Logo de início, nos apresentávamos dizendo brevemente quem somos, identificando nossa deficiência, complementando com nossa profissão ou atividade atuante do momento.

Cheguei a pensar:

"Por mais que sejam crianças meramente instruídas, as perguntas não terão tanta complexidade! Sendo algo genuíno".

Enganei-me.

Tivemos sim, as perguntas básicas, como:

"Com quem você mora?

Como você estuda?

Como toma banho?

Como troca de roupa?

Quem escolhe sua roupa?

Como anda na rua?

Você tem algum animal de estimação?

Como se alimenta"?

Dentre outras perguntas.

Porém, tivemos nossas perguntas bem formuladas e visadas sob assuntos consideráveis por mim, tendo em vista a idade deles como, maduros!

Tecnologia, seus agregados e nossa participação referente a tais recursos, interação com a sociedade, atuação profissional e plano de carreira!

"Você já fez o curso tal?

Você usa computador?

Como utiliza?

Com o quê você trabalha?

Como estudou?

Continua estudando o quê?

O que pretende"?

Dentre outras!

E assim as perguntas iam seguindo, dentre mim e meus colegas. Cada uma mais elaborada do que a outra. Claro, com suas específicas particularidades.

Pudemos estar atendendo até duas turmas do segundo ano. Com uma média de vinte minutos cada uma.

Minutos esses, de grande preciosidade para todos nós. Uma vez que, passaram tão rápido!

Confesso, não havia nenhuma vontade de minha parte em ir embora.

E garanto que eles também pensaram da mesma forma!

Estivemos, imensamente gratos e satisfeitos em compartilhar um pouco de nossa vida com aquelas crianças.

Ali se estabelecia mais uma pequena contribuição nossa para com a sociedade.

E afinal, é disso que precisamos.

Fugir da ideia do coitadismo, da pena.

Necessitamos de estabelecer a inclusão desde cedo em nossas escolas e todos os lugares em que frequentamos, inclusive em nossos próprios lares.

Nesse dia, pudemos observar e ter a certeza de que:

Dá certo!

Basta tentar.

O que muda?

A ideia de que não importa muito quem educa. Mas a forma com que se educa.

Já pensou nisso?

Tente conversar com seu filho...

Construa sua visão de mundo...

Com toda certeza, esse dia foi de grande valia para o aprimoramento constante de nossos ideais.

Com eles pudemos aprender que, tendo educação e respeito, temos tudo.

Com ambos, conquistamos o mundo.

Não é a sua deficiência que te afasta do mundo. Mas sim, a sua falta de estímulo em se comunicar com o mesmo. E isso, com toda certeza nos foi acrescentado naquela tarde. "estímulo".

Deixo aqui, os meus sinceros agradecimentos em nome de toda a nossa equipe. A escola, seus funcionários e toda equipe docente, por em nós confiarem e nos abrirem as portas com tão boa vontade.

Por serem tão atenciosos com seus alunos e contribuírem tanto para com nossa sociedade. Afinal, não é só ensino... Existe toda uma questão ética, moral e espiritual cristã.

E nosso ponto chave... Ela, que não poderia esquecer-me em nenhum momento. Catarina, uma das professoras dos pequenos, profissional de grande prestígio, nossa indicadora, viabilizadora que acabou por nos proporcionar essa oportunidade tão maravilhosa.

Agora você já sabe:

Veio visitar Nova Friburgo na região serrana do Rio de Janeiro?

Não se esqueça de ao menos conhecer um pouco das dependências do colégio Anchieta.

Dentre prédios históricos da cidade, um dos mais renomados colégios, centenário.

Simplesmente, lindo! Por dentro e por fora.

A cada centímetro, um toque de arte, paz e luz.

Finalizo, com os melhores votos desse mero autor que lhes escreve.

Até a próxima!