O Ébrio.

    Os lábios tão puros e divinamente esculpidos, quisera eu beijá-los naquele momento, quisera eu me perder naqueles lábios, entrelaçar-me na frenética dança de longos beijos de amor. Mas lá estava ela, quieta em seu canto, como um anjo ledo vindo do céu, da sua boca não saia uma palavra, enquanto eu, apenas um reles mortal, um moribundo ser humano a sofrer de amor. Lá estava ela, com vestes resplandecentes, iluminada pela Luz do luar, ao cintilar de milhares de estrelas, ela que em beleza supera as ninfas do olimpo, ela que traz em seu olhar um universo inteiro. Passei a admirá-la cada vez mais, meu coração estava cheio de desejos. Quisera eu embriagar-me naqueles seios, quisera eu beijar divina pele tão reluzente, me servir de cada pedaço daquele corpo, quisera eu amá-la a luz do luar, a beira da praia, no vai e vem das ondas. Meus pensamentos eram de amor, meus pensamentos eram carnais, insensatos, impulsivos. Eu a amava, eu a desejava com toda a força do meu coração, como um poeta enlouquecido eu a desejava.

     Mas lá estava ela, tão bela, tão distinta entre as demais moças ao seu redor. Continuei a observá-la, meus olhos estavam cheios de desejos, meus corpo estremeceu tamanha a vontade de tomá-la em meus braços. Quisera eu sentir o perfume daquele corpo de perfeição, quisera eu tocar em seu pescoço com meus lábios, vê-la arrepiar-se de prazer. Quisera eu sentir o seu toque quente, os seus beijos molhados, mas o que sou se não um mero sonhador. Ela continuava no mesmo lugar, pediu um drink, fiquei observando seus lábios carnudos vermelhos tomar o copo em pequenos goles, a marca do batom no copo. Que mulher maravilhosa, eu a amo loucamente como a amo.

    Ela levantou-se lentamente, a passos curtos seguiu pela calçada, as roupas tão curtas, coladas em seu corpo tão bem esculpido. Curvas perigosas, meu olhar se perdeu na imaginação daquele corpo nu. Seu olhar passou por mim, o seu olhar levou o meu olhar para um mundo de imaginações perigosas, de desejos, de pecado. Ela continuou a caminhar a passos curtos, até que desapareceu na rua escura. Levantei-me na intenção de segui-la, fui até a rua escura, mas ela não estava mais lá, talvez ela realmente fosse um anjo ledo que desceu do céu, a enlouquecer o olhar deste poeta.

   Meu olhar se enamorou por aquele anjo ledo, talvez eu nunca mais a veja novamente, talvez nunca mais. Todos os dias retorno ao mesmo lugar, e lá fico longas horas, a observar a multidão que entra e sai a todo instante, embriago-me entre um drink e outro na esperança de ver o meu anjo ledo, mas ela não vêm. Um amigo me disse que estou ficando louco, disse-me que jamais houvera naquele bar essa tal mulher que descrevi, esse meu amigo é um dos garçons que ali trabalha. Será que estou ficando louco? Será que ela é apenas o fruto de minha mente ebria?

   Depois desses acontecimentos não voltei mais ao bar, embora todos os dias, os meus pensamentos continuavam com a imagem tão viva e perfeita daquele anjo ledo, jamais esquecerei aqueles lábios carnudos, jamais esquecerei aquele olhar tentador, verdadeira ou não, ela é meu anjo ledo, certo que, vou procurá-la pelas madrugadas, em cada bar, em cada canto, em cada esquina, como um ebrio apaixonado, poeta enlouquecido.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 16/06/2017
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