Pedacinhos das Estrelas
- Booommmm!
O barulho da batida pôde ser ouvido a quilômetros de distância. Corpos eram amontoados ao chão e queimados enquanto às pessoas lutavam entre si para abocanhá-los antes de serem incinerados. O caos era tamanho que o barulho nem lhes atraíra a atenção.
Em meio a esse show de horrores, sentada sobre o pouco de grama que ainda existia, estava eu, que embora satisfeita com à calmaria existencial que meu ser se encontrava ali a observar o mundo que em minha mente sempre fôra assim, estava doida para saber de onde viera o som. Elevei meus olhos para o céu e contemplei uma imensa bola de fogo, esperei se dissipar um pouco e fui até lá.
Chegando lá vi uma coisa pequena se contorcendo no chão, corri para apanhá-lo. Tão pequeno, e aparentemente frágil, o apanhei, sentei, e o coloquei sobre minhas pernas molengas. Cinzento, mas nada de obscuridade, um cinza vivo, cheio de luz. Quando abriu seus olhinhos da cor da noite, pude contemplar tamanha beleza por trás daquele olhar.
Mal abriu os olhos e já pulou do meu colo abruptamente, olhou a sua volta, depois se voltou novamente para mim, e com seus dentes amarelados ponte agudos, sorriu. Fiquei parada enquanto ele me rodeava analisando, até que, sem falar nada, ele pulou novamente no meu colo, recostou sua cabeça no meu peito, e suspirou. O abracei e ninei, até cantar para ele, cantei.
Mas afinal, de que estrelas caímos aqui um para o outro?