Para algumas profissões a idade até ajuda. Um psicólogo, por exemplo, tem mais credibilidade quando é mais velho, nos dando a impressão de mais experiente. Para outras profissões o que vale é a simpatia. Para uma recepcionista, principalmente de uma clínica médica, a gentileza e a simpatia são essenciais, uma vez que quando vamos procurar esse profissional é porque estamos com algum problema de saúde. Ontem fui ao consultório de um ortopedista porque havia levado um tombo por culpa dessas benditas pedrinhas portuguesas que, mal colocadas como são aqui no Brasil, me levaram a dar de cara no chão. Chegando ao consultório fui atendida por uma recep-cionista que, no mínimo, havia chupado um limão como café da manhã. - Bom dia! Lhe disse eu, com um sorriso, embora estivesse com muita dor. Ela nem sequer se dignou a responder. Passou-me um formulário para que eu preenchesse com meus dados. Preenchi, entreguei e tentei puxar assunto, mas ela nem olhou pra minha cara. Meia hora depois o médico abriu a porta e a recepcionista apenas me disse: passe. Ao sair lhe paguei a consulta e não me contendo mais, lhe disse: você pode me satisfazer uma curiosidade? Ela me olhou, pela primeira vez e, levantando uma das sobrancelhas, com cara de inimiga mortal, disse um “pois não”. - Você é sempre simpática assim ou tem dia que está de mal humor? Saí sem esperar a resposta e, confesso, com medo de que ela fosse atrás de mim pra me morder. Sei lá se ela é vacinada! Como hoje é dia de Santo Antônio, pedi ao santo que arranjasse um amor para a criatura mal-humorada. Sabem o que ele me respondeu? “Você quer que eu arranje um inimigo é, minha filha?”