Quem tatuará o tatuador?
Yeshua estava à margem...Marginal, portanto. Condenado pelo devido processo legal, em nome da moral, da tradição, dos bons costumes e da ordem social. Teve como sentença a pena máxima: de morte, após tortura incrível. A turba vibrou, a choldra ignóbil espumou e babou de tanta felicidade, a vox popoli festejou em coro, enquanto lanças perfuravam a carne opaca e chicotes reverberavam pelo corpo trêmulo. Ele que impedira, com retórica perfeita e lógica inexorável, o apedrejamento da mulher que realmente "pecava", teria seu nome bradado como a justificativa para o apedrejamento de outra, séculos depois, a filósofa Hypatia, cujo único crime foi o de ser mulher. Para Yeshua, para Sócrates, para Hypatia, a máxima foi a mesma: Bandido bom é bandido morto. Assim como no caso de Giordano Bruno. Mas ora, dirão, "eles não foram homicidas, estupradores, ladrões?". Então pergunto. E nós? Quem somos nós afinal? A pergunta metafísica de Plotino, agora em roupagem ética. Quem somos nós? Seremos assassinos? Linchadores, espancadores, justiceiros? Seremos os cavaleiros do Apocalipse a urrar nos céus, e espancar na terra, aqueles que julgamos amaldiçoados?