DIA DOS PAIS
Dia dos pais!
Dia do meu pai!!
Dia do meu amigo!!!
Não saberia definir como era meu pai.
Um misto de gente, de companheiro, de força, de inteligência, de sagacidade...
Em casa era o chefe, nos seus versos o poeta, nas palavras o escritor, na arte o artista, desenhando, compondo, amando sua família, seu único e maior tesouro...
Tìnhamos muita coisa em comum, gostávamos de estudar, de ler, de conversar sobre tudo o que tinha se passado durante o dia, ele no trabalho e eu no colégio. Era um papear gostoso que costumávamos fazer sempre e aí a conversa se estendia até mais tarde. Debulhávamos tudo e eu aprendia muito com sua vivência, seu entusiasmo.
De nós, três filhos, era eu a que mais me identificava com ele em tudo, até nas ranzinzices, muito comuns a todos nós que vivemos vidas em jornadas.
Dele me lembro muito bem, quando recebíamos em nossa casa, em verdadeiros saraus poético-literários, numa enxurrada de desfiles de escritores e poetas da época, muitos hoje já venerados e conhecidos, mas isso é outra assunto, outra conversa.
Como eu gostava tanto daquelas sessões de pura sensibilidade, era-me permitido ficar na sala, apreciando. Que delícia, coisa que hoje acho que já esteja em desuso...
Cada um presente declamava, discursava, num franca desinibição, sonhos, quimeras...
Com ele aprendi muita coisa, das aulas escolares era um descortinar de exemplos, estendendo o que tnha aprendido na escola. Falava de tudo, orientando como deveria etudar, o que era importante, o que podia deixar pra lá... E assim foi minha convivência pessoal com ele. Imprescindível era ele para minha meninice.
Em casa era como todo pai, amável, atencioso, sempre presente, sempre pai.
Nossa vida era, acho eu, comum a todas que existiam por aí, pelo menos eu assim percebia pelo nosso círculo de amizades, como as outras famílias viviam, eram.
Mas, como todo mas existe, tudo mudou de repente. Aquela "menina de tranças", em um novembro de seus 13 anos foi tragada pela partida para eternidade daquele amigo, daquele companheiro, daquele tudo que eu mais prezava, mais amava.
Foi como estivesse havendo um terremoto na minha vida. Buracos se entreabindo, me engolindo, me destruindo, me dizimando, me transformando em uma desconhecida pessoa, amadurecendo a duras provas meu infantil-criança de menina de tranças.
Aquela lição ele não me ensinou. Que as pessoas morrem, desaparecem...
E eu fico imaginando e cobrando aquela "lição não dada, não comentada, não explicada". Vou ficar ainda na cobrança, naquela expectativa de uma lembrança.
A ele, minha homenagem de filha chorosa ainda, de companheira solitária, de amiga que jamais irá esquecê-lo, até o dia do nosso futuro reencontro...
Myriam Peres
http://myriamperes.blogspot.com/2007/08/dia-dos-pais.html