Bicho do mato
Bicho do mato, caipira, matuto entre outros adjetivos qualificam aquele que adere ou opta por uma vida mais rústica e sem sofisticação, e devido a isto encontra na reclusão e simplicidade seu maior conforto. Eu me incluo nesta categoria.
Há gosto pra tudo, isto já sabemos; há quem goste do nostálgio poente, outros se maravilham com o esplendoroso alvorecer; há quem prefira o barulho das casas noturnas,e suas músicas, em alto nível, e há aqueles que optam pelo soar do canto dos pássaros numa harmônica sinfonia, enfim gosto e estilo para tudo.
Confesso que tenho certa dificuldade em me adaptar ao ritmo frenético e aglomeração de pessoas e transeuntes nas ruas, de uma grande metrópole, com suas entranhas cinzentas e frias, com esquinas onde as pessoas andam se trombando, barulho de sirenes e metrô, e toda agitação típica dos grandes centros urbanos. Nunca precisei morar num local assim, e, acho que me acostumei com o marasmo das pequenas cidades, a falta de novidades, a escassez de recreação, e muito embora, eu ache que faz falta diversão, não me atrevo a mudar, prefiro aqui ficar, sinto-me mais confortável.
Tenho características que me enquadram neste quesito de ser esse " bicho do mato", pois prefiro o silêncio à barulheira das baladas, opto pelo passeio nas montanhas em detrimento da superlotada praia, gosto de comemorações mais informais com poucas pessoas à aquelas festas cheias de gente e música alta a todo vapor,não gosto de chegar em nenhum lugar e ser o centro das atenções, detesto ter que ficar pedindo informações na rua - parece que fica estampado na sua cara, que você está perdido ou desorientado -,isto, entre outras características deste jeito de conviver em sociedade.
Claro, que este jeito de ser, afasta as pessoas, afinal todos gostam de ficar próximos ou " colar" a imagem à pessoas alegres, motivadoras, vencedoras e cheias de vitalidade, nós, que temos o jeito diferente de ser, temos estas qualidades sim, mas não ficamos expondo ou alardeando aos quatro ventos os sucessos e fracassos, preferimos o anonimato. Neste caso, somos poucas vezes convidados para sermos madrinhas e/ou padrinhos, raramente lembram-se de nós nas festas de fim de ano nas empresas e quase nunca somos visitados, isto porque não retribuímos a gentileza da visita.
.
Ser esse " bicho do mato" tem lá suas desventuras, pois quando torna-se necessário a mudança de local e estilo, há uma dificuldade enorme de assimilar as nuances do moderno, das grandes metrópoles; além do fato de ser visto como um ser antissocial e que sofre de fobias, o que não deixa de ter seu fundo de verdade, mas a preferência pessoal nem sempre é bem vista, quando se trata de conceitos generalistas.
Numa sociedade tão competitiva e acirrada em termos de ganhos e conquistas, acabei por conquistar meu espaço no mundo, através do meu jeito mais arredio e introspectivo, certo ou errado, ainda prefiro a vida na penumbra à viver sob os holofotes da exposição superficial e inócua, ainda que isto me cause alguns mal - entendidos.
Há gosto pra tudo, isto já sabemos; há quem goste do nostálgio poente, outros se maravilham com o esplendoroso alvorecer; há quem prefira o barulho das casas noturnas,e suas músicas, em alto nível, e há aqueles que optam pelo soar do canto dos pássaros numa harmônica sinfonia, enfim gosto e estilo para tudo.
Confesso que tenho certa dificuldade em me adaptar ao ritmo frenético e aglomeração de pessoas e transeuntes nas ruas, de uma grande metrópole, com suas entranhas cinzentas e frias, com esquinas onde as pessoas andam se trombando, barulho de sirenes e metrô, e toda agitação típica dos grandes centros urbanos. Nunca precisei morar num local assim, e, acho que me acostumei com o marasmo das pequenas cidades, a falta de novidades, a escassez de recreação, e muito embora, eu ache que faz falta diversão, não me atrevo a mudar, prefiro aqui ficar, sinto-me mais confortável.
Tenho características que me enquadram neste quesito de ser esse " bicho do mato", pois prefiro o silêncio à barulheira das baladas, opto pelo passeio nas montanhas em detrimento da superlotada praia, gosto de comemorações mais informais com poucas pessoas à aquelas festas cheias de gente e música alta a todo vapor,não gosto de chegar em nenhum lugar e ser o centro das atenções, detesto ter que ficar pedindo informações na rua - parece que fica estampado na sua cara, que você está perdido ou desorientado -,isto, entre outras características deste jeito de conviver em sociedade.
Claro, que este jeito de ser, afasta as pessoas, afinal todos gostam de ficar próximos ou " colar" a imagem à pessoas alegres, motivadoras, vencedoras e cheias de vitalidade, nós, que temos o jeito diferente de ser, temos estas qualidades sim, mas não ficamos expondo ou alardeando aos quatro ventos os sucessos e fracassos, preferimos o anonimato. Neste caso, somos poucas vezes convidados para sermos madrinhas e/ou padrinhos, raramente lembram-se de nós nas festas de fim de ano nas empresas e quase nunca somos visitados, isto porque não retribuímos a gentileza da visita.
.
Ser esse " bicho do mato" tem lá suas desventuras, pois quando torna-se necessário a mudança de local e estilo, há uma dificuldade enorme de assimilar as nuances do moderno, das grandes metrópoles; além do fato de ser visto como um ser antissocial e que sofre de fobias, o que não deixa de ter seu fundo de verdade, mas a preferência pessoal nem sempre é bem vista, quando se trata de conceitos generalistas.
Numa sociedade tão competitiva e acirrada em termos de ganhos e conquistas, acabei por conquistar meu espaço no mundo, através do meu jeito mais arredio e introspectivo, certo ou errado, ainda prefiro a vida na penumbra à viver sob os holofotes da exposição superficial e inócua, ainda que isto me cause alguns mal - entendidos.
Um texto maravilhoso deixado aqui pelo nobre
escritor Bernard Gontier
escritor Bernard Gontier
POSSIBILIDADES
"Prefiro o cinema. Prefiro os gatos.Prefiro os carvalhos sobre o Warta. Prefiro Dickens a Dostoiévski. Prefiro-me gostando das pessoas do que amando a humanidade. Prefiro ter agulha e linha à mão. Prefiro a cor verde. Prefiro não achar que a razão é a culpada de tudo. Prefiro as exceções. Prefiro sair mais cedo. Prefiro conversar sobre outra coisa com os médicos. Prefiro as velhas ilustrações listradas. Prefiro o ridículo de escrever poemas ao ridículo de não escrevê-los.Prefiro, no amor, os aniversários não marcados, para celebrá-los todos os dias.Prefiro os moralistas que nada me prometem. Prefiro a bondade astuta à confiante demais.Prefiro a terra à paisana. Prefiro os países conquistados aos conquistadores.Prefiro guardar certa reserva. Prefiro o inferno do caos ao inferno da ordem.Prefiro os contos de Grimm às manchetes de jornais. Prefiro as folhas sem flores às flores sem folhas. Prefiro os cães sem a cauda cortada. Prefiro os olhos claros porque os tenho escuros.Prefiro as gavetas. Prefiro muitas coisas que não mencionei aqui a muitas outras também não mencionadas. Prefiro os zeros soltosdo que postos em fila para formar cifras.Prefiro o tempo dos insetos ao das estrelas. Prefiro bater na madeira. Prefiro não perguntar quanto tempo ainda e quando. Prefiro ponderar a própria possibilidade do ser ter sua razão. "
SZYMBORSKA WISLAWA