Vida Ktsch

Acho que quase ninguém escapa do modo de vida gerado pela mídia e pela internet, braços armados da globalização. Ela é irreversível, embora alguns gatos pingados miem em protesto,estribuchem, se revoltem, tentem azunhar o virtual... Sejamos sinceros: a tal "moderndade" é um fato consumado, um caminho sem volta. Infelizmente.

Sim, sou um retrógrado, não posso fugir ao fato consumado, mas lamento, é algo que me entristece, causa desalento. Acho uma onda frenética, uma excitação babaca, um frisson idiota, mas que não se pode fugir dele e nem ignorá-lo. A onda da modernidade, na verdade, nos leva a todos de roldão, queiramos ou não.

Estava lendo um livro de Milan Kundera, o grande romancista tcheco(autor de um dos melhores romances de todos os tempos, "A insustentável leveza do ser"), este um livro bem fininho, "A arte do romance", quando me deparei já quase no final com um trecho que cai como uma luva para explicar oatual modo de vida. Diz ele:

"...Uns oitenta anos depois que Flaubert imaginou sua Emma Bovary, nos 1930, um outro grande romancista, Hermann Broch, falará do esforço heróico do romance moderno, que se opõe à onda do kitsch mas acabará por ser esmagada por ele. A palavra kitsch designa a atitude daquele que quer agradar a qualquer preçoe ao maior número possível. Para agradar, é preciso confirmar aquilo que todo mundo quer ouvir, estar a serviço das idéias recebidas. O kitsch é a tradução da tolice das idéias recebidas na linguagem da belezae da emoção, Ele nos arranca lágrimas de enternecimento sobre nós mesmos, sobre as banalidades que pensamos e sentimos. Depois de cinquenta anos, hoje, a frase de Broch torna-se ainda mais verdadeira. Dada a necessidade imperativa de agrdar e de ganhar assim a atenção do maior número, a estética dos meios de comuicação é inevitavelmente ado kitsch; e, à medida que os meios de comunicação envolvem toda a nossa vida e nela se infiltram, o kitsch torna-se nossa estética e nossa moral cotidianas. Até uma época recente, o modernismo significava uma revolta não conformista contra as idéias recebidas e o kitsch. Hoje, a modernidade se confunde com a imensa vitalidade miiática, e ser moderno significa uesforço desenfreado para ser atual, estar conforme, estar ainda mais conforme do que os mais conformes. A modernidade vestiu a roupa do kitsch".

Refitam sobre o texto. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 11/06/2017
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