INDIGNIDADE

Talvez seja esse o único sentimento que nos reste diante da maneira pela qual as “autoridades” brasileiras se comportam.

A ninguém mais é permitido desconhecer os desmandos, a roubalheira, os conchavos e o conluio existente entre os ocupantes dos cargos de mando nas mais altas esferas do poder que, apesar de serem distintas e harmônicas por determinação constitucional, por tudo que temos visto, perderam essa característica, sem a qual também perdem a razão de ser, e os seus membros agem apenas para satisfazer seus próprios interesses, como numa só organização criminosa, onde o que vale é a concretização dos desejos pessoais, em detrimento da soberania da lei e da ordem social.

Assistimos nesses últimos dias a apresentação do que seria o penúltimo ato jurídico contra a chapa presidencial do pleito de 2014.

O desfecho não podia ser melhor exemplo quando se quer demonstrar a inutilidade daquela corte.

O processo iniciado trinta meses atrás para julgar o, mais que evidente, abuso de poder econômico da chapa vencedora para a presidência da república, de conseguir juntar farta e robusta prova documental, de exigir (e depois desconsiderar) os depoimentos de pessoas envolvidas, de toneladas de papel e de exorbitante gasto financeiro com viagens e audiências, fica demonstrado em cadeia nacional de rádio e televisão que ser criminoso compensa, que as leis são feitas para serem ignoradas e que a prevaricação deve ser entendida como a forma correta de exercer o cargo público, principalmente quando se ocupam cargos de presidente ou chefe de algum dos poderes da república.

É impressionante ver-se pessoas investidas de autoridade, diante de fatos irrefutáveis, defender cinicamente o indefensável.

Seria menos patético mandar arquivar o processo vez que faltam apenas dezoito meses para chegar ao fim o mandato presidencial a que ele, (o processo) pretendia impugnar.

O exercício do poder tem os dons de fascinar, viciar e corromper o ser humano.