Amarro esposa e amanso sogra
Deparei-me com estes dizeres impressos em um panfleto. Minha mente seguia agitada, assim como o trânsito. Conflitos na família, dívidas e a falta de trabalho formal me estressavam. Questionei-me: “A qual controle de qualidade é sujeito esse processo de amarração e amansamento?” Desacelerando os passos, retirei o celular do bolso. A vontade de marcar uma visita crescia. Escrevi a mensagem, hesitante em concluir o envio. No rodapé do folheto, a frase: “Ofereço garantia no serviço prestado”.
A dona Germana (minha futura sogra) era frequentadora de um terreiro de umbanda, e sei que é ex-esposa do Zé Fofinho de Ogum. O receio é que ela soubesse de meu interesse repentino relacionado à magia. A velha está esquelética de tanto correr atrás de fofocas. Morávamos no mesmo prédio. Entrou lá em casa assoviando alto. Trovejou críticas demoníacas. Tenho dó do Bumercindo, seu marido.
Na festa de aniversário de minha noiva, a Trovoada ressoou deselegante: “André, é hora de agilizar o casamento!”. Ao contrário da mãe, a Claudiane é discreta. A única observação um pouco ruim que posso pontuar em relação a ela é que em dois anos de relacionamento, me traiu em seis oportunidades, e eu a perdoei sete vezes. Concedendo-lhe bonificação. Não devo satisfação a ninguém!
Vó Nenzinha Braço de Homem fez-se minha esperança. Enviei o texto. No instante seguinte, recebi uma mensagem confirmando a consulta. Com direito a quiromancia, búzios, cartas e interação com os caboclos. Creio em premonição. Ontem, a Claudiane sonhou com um caboclo de olhos verdes.