Crônica aos poetas mortos.

        Escrevo a todos os poetas mortos, a todos aqueles que mesmo estando mortos ainda vivem aos que perambulam em nosso meio, aos poetas que vagam pelas praças e pelas ruas de nossa cidade fantasma. A todos os poetas mortos dedico essa crônica.

        No atual mundo falta-nos espaço, ninguém mais quer nos ouvir, os nossos versos já não brilham no olhar dos leitores, as nossas rimas já não trazem a mesma admiração de outrora, as nossas páginas estão amareladas por não ter quem as leia e não há mais leitores assíduos de nossos perecíveis versos.  Um engano intelectual tomou a mente de muitos desse tempo moderno, muitos se debruçam em leituras menos honrosas, leem filetes de nada que não leva a lugar algum, leem a violência e a falta de amor próprio, a arte e a poesia se tornaram obsoletas.

        Neste mundo vil, perdido e pérfido, nós os poetas somos motivos de chacotas, de risadas e brincadeiras. Se dissermos que somos poetas, e o mesmo que dar-lhes motivos para fazerem as piadas de péssimo gosto que magoam e entristecem. O que percebemos hoje é um novo tipo de arte e um novo gosto de leitura, todos são livres para admirarem quaisquer tipos de arte que lhes convier, no entanto, deveriam de no mínimo, respeitar ao invés de sepultarem a poesia.

        Talvez um dia, quem sabe, a poesia volte ter a mesma admiração de antes. Quem sabe essas novas gerações revivam a beleza dos versos nas páginas dos tempos futuros, certo é, que poesia virou sinônimo do passado, quando se fala em poetas a primeira lembrança que vem na memória são os livros da escola. As figuras ali registradas, desenhos ou fotos em preto e branco, seus versos são lidos forçadamente, sem nenhuma admiração, portanto, fica aqui meu manifesto de tristeza. A moda literária do tempo presente está banhada em sangue e bruxarias, os livros de vampiros e de bruxas e bruxos tomaram as prateleiras nos últimos tempos, grossas páginas que são devoradas ferozmente. Não critico quem as escreve, são colegas de profissão, embora em gênero tão diferente, critico a falta de espaço que a poesia e os poetas perderam nos corações mais jovens. Poucos são, entre os mais jovens que gostam de poesias, quando poucos, ainda mas são criticados.

        Perdoe-me se há exageros de minha parte, perdoe-me novamente, eu não posso deixar de manifestar minha tristeza, me sinto como um poeta morto, meus versos já não são como os de outrora, não que eu não queira fazê-los, pelo contrário, amo a poesia, mas o descrédito da nobre arte me fez procuras novas águas para navegar. Eu nasci poeta e vou morrer poeta.

        Fica assim registrado, que neste dia em específico, sem número em sem data, o meu manifesto, contra os inquisidores da poesia, os poetas podem morrer, mas seus versos, jamais morrerão.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 07/06/2017
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