Para sempre
Vínhamos de outras distâncias, de outros sonhares. Trazíamos um querer que não sabia do fim.
Há um tempo em que tudo parece tão bom, que a ternura se expande e toma a forma de amor. Amor pleno, plenitude. É tão fácil, então, ser feliz.
Guardávamos no olhar o nascer do Sol. Era um Sol companheiro, de acompanhar cada fim de madrugada. Parecia mesmo ter participado da noite passada, bebido conosco e até achado graça dos assuntos mais bobos. Sim, porque a noite é soberana e tem uma paciência infinita - e quem chega é sempre bem-vindo.
O que eram as horas? Havia contagem de tempo? Certamente que não. Se era céu estrelado, refletia-se no encanto do brilho no olhar. Se as nuvens cercavam à volta, desfilavam a sorrir para nós. Criavam formas para nos acenar – e seguiam até nunca mais.
Ah, e a brisa – esta, então... Parecia transportar pensamentos. Já sabíamos antes de qualquer um dizer. Eram o ar, a melodia, o aroma, o encontro sem marcar, sem prever.
Há mesmo um tempo em que tudo parece tão bom, que a ternura se expande e toma a forma de amor. Amor pleno, plenitude. É tão fácil, então, ser feliz.
O futuro seria um tempo qualquer, mais adiante – talvez. Para que ele existir, com tanto hoje a viver? Para que saber sobre, com tanto agora a saber?
Com as ondas a esparramarem-se pela areia tão quieta, quem pensava em desencanto ou temor?
Vínhamos de outras distâncias, de outros sonhares. Trazíamos um querer que não sabia do fim.
Estamos para sempre por lá.
Estamos para sempre guardados em memórias que as lembranças não nos permitem esquecer. Nossos olhos ainda brilham nas noites – e já não há muito mais a dizer...