TARÕ, UM ENIGMA

Estagiava em Brasília e após o expediente atravessava os corredores do Conjunto Nacional, um dos primeiros shoppings que conheci. Sentada, com mesinha e outra cadeira para o possível cliente, senhora idosa vestida toda de branco e com turbante da mesma cor, procedia a leitura do Tarô, para a pouca clientela. Por curiosidade, aproximei-me e perguntei-lhe se não me ensinaria a ler as cartas.

Ela concordou. O preço seria pagar-lhe o jantar na lanchonete ao lado. E assim todos os dias, durante duas semanas, aprendia algo sobre as cartas e jantava com ela.

Assim que regressei, por brincadeira, procedia a leitura de quem quisesse saber o que as cartas lhe reservavam.

Convidado para a festa de aniversário da colega, após o jantar, pediram-me para proceder a leitura dos presentes. A primeira foi a aniversariante.

Essa leitura impressionou-me muito. Procedi mais de uma vez o manejo das cartas. E em todas as vezes, só saiam cartas ruins. É claro que não disse nada. Só disse-lhe palavras otimistas que todos esperam ouvi-las.

Mas passadas duas semanas, ela veio a falecer num acidente.

Nunca mais procedi a leitura do Tarô.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 06/06/2017
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