Recisão Contratual

- Sobre o sistema religioso (não é sobre Jesus).

- Sobre a "igreja" e o clérigo (não é sobre a noiva de Cristo).

- Sobre escrever por metáforas (o texto não é literal).

Gente "do céu"! Cá estou eu "teologando" com meu zíper (porque não tenho botões), nesta tarde chuvosa, com trânsito caótico, tédio, e atividade cognitiva exacerbada do meu cérebro hiper ativo, que não cessa de pensar, e pensar, e pensar e pensar...

Sabe, eu não sei se é a religião que desvirtua D'us, ou se D'us não existe de fato.

Mas tem algo que está me incomodando muito: pensar que D'us só me "ama" e só faz planos ao meu respeito enquanto pastora.

Se D'us existe, ele devia ser um tipo de deus de amor e não um tipo de deus patrão.

Eu queria que pelo menos o D'us, a quem me dediquei tanto, por anos e anos, pudesse me amar apenas como Patrícia, inclusive quando eu não tiver condições de oferecer nenhuma utilidade para o seu reino sagrado.

Eu queria poder deitar no colo dele e dizer: "Pai, hoje eu tô muito cansada, vou ficar por aqui mesmo no seu colo, não vou trabalhar hoje".

Mas... Tudo isto não passa de mera ilusão.

Eu sei que falando assim, qualquer um vai me julgar e vai querer defender D'us de mim.

Mas eu não o estou atacando e nem estou querendo dizer que eu fiz mais por ele do que ele por mim. Também não acho que ele me deve nada.

O que eu estou tentando dizer é sobre desejar ter com essa tal "coisa sagrada", algum tipo de relacionamento que possa transcender a questão religiosa, ministerial, vocacional.

Eu só queria antes de morrer poder chamar alguém de pai e de amor, sem que esse alguém tenha algum tipo de interesse de se servir de mim.

Pode ser, que talvez, D'us, se existe, seja melhor do que o modo como as minhas experiências anteriores e feridas latejantes me fazem enxerga-lo. Ou, também pode ser que, talvez, ele seja pior do que o quadro perfeito dele que a religião pintou.

De qualquer forma, meus últimos comportamentos diante do sagrado são uma espécie de "aviso prévio" para recisão contratual.

É tipo assim:

"Ao deus coisificado,

Venho, por meio deste comunicado, efetuar meu desligamento desta sua empresa, cujo nome fantasia é igreja e a razão social é Gospelândia.

Sem mais, coloco-me à inteira disposição para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.

Atenciosamente,

Patrícia Carnieto".