LEILÃO DO MEIO AMBIENTE
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
A natureza está morrendo. Por enquanto, em agonia. Despojos a leiloar. Consequência do consumismo, da depredação, da sujeira, da poluição, do desmatamento, do lucro desmedido do ser humano considerado a medida de todas as coisas. Um quadro de desolação ambiental como o de pós-desastre ecológico de Mariana, de proporções avassaladoras do sistema Terra, consequentemente dos seres vivos. Não bastassem as forças da erosão que eventualmente castigam e desfazem a beleza paisagística de bosques, pradarias e montanhas. À sombra de uma árvore, de águas abundantes em seus limites, um banco tosco se torna macio. Como é desolador o ambiente do leito seco de um rio outrora caudaloso ou de uma bica que corria incessante. Quando, então, não mais se ouve o som puro de seu marulhar cadenciado. Da cadência da natureza.
Em 1984, versejando como de hábito, Carlos Drummond de Andrade já fazia os cálculos: “De cada cem árvores antigas /restam cinco testemunhas / acusando o inflexível carrasco secular. / Restam cinco, não mais. Resta o fantasma / da orgulhosa floresta primitiva”.
Imensamente mais charmoso que o tapete vermelho de astros e estrelas de Hollywood é o tapete verde da natureza sobre a superfície da terra. Imagem, aliás, de Monteiro Lobato: “A natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem”.
Palavras atuais, tanto de Drummond como de Lobato. Na medida certa, o dinheiro é indispensável: provê mente sã num corpo sadio, banca o progresso, financia a educação, a cultura, o turismo, o lazer. Entretanto, por detrás do dinheiro e atrás dele, essa fúria devastadora em busca de mando, prestígio, poder, glória. Ganância, muita ambição... Propinas escorrem por um saco sem fundo, seja na mala, dentro das meias, dentro da... Deboche sem medida e sem fim, desmedido, inconsequente...