Livro sendo feito "A Conspiração"

Dia 26 de dezembro, um dia após o natal, e o dia do meu aniversário de 61 anos, me sentia um velho de verdade naquela hora, parecia que o tempo estava me levando em bora aos poucos.

Senti o cheiro de café, alguém estava lá, levantei para ver quem era, era Rose minha filha, minha única e amada filha.

- Rose? Como entrou aqui?

- Pai, eu tenho a chave esqueceu? - Disse ela sorridente como sempre.

- Aah! Essa idade de merda, está acabando comigo.

- Bom, temos frutas, pães e bolo aqui, pai, coma tudo.

- Você não vai ficar? - Perguntei curioso.

- Não, desculpa, tenho que ir para o trabalho mais cedo, eu ia até te pedir para ir buscar o Carlos na escola, você pode ir para mim?

- Bom, sabia que todos esses agrados não eram de graça, mas pode deixar que vou sim!

Àquela hora ela me olhou com a mesma cara, que sua mãe fazia quando eu inventava essas "piadas" que poderiam até ser verdades, mas não da minha Rose.

Quando acabei de tomar meu café, fui ler o jornal, não gosto de ler o jornal quando estou tomando café, é ridículo, mas eu precisava. Dei uma olhada nos anúncios, gosto de comprar coisa usada, até por que, queria uma vitrola para mim, e não achava em lugar nenhum. Tenho vários discos aqui, muitos de Rock, da época do Roberto Carlos, Erasmo Carlos, mas os meu preferido mesmo era os do Legião Urbana, me identificava muito com a música Tempo Perdido, e fazia tempo que não os escutava, pois, meu neto, sim o Carlos, ou Carlinhos, como gosto de chamar, quebrou a alguns dias, tentando ser um tal de "d-i-djei". Depois, passei os olhos bem rápido, nas notícias, pois eram muito repetidas, só falavam de morte... Morte... não gosto dessa palavra, ela soa muito forte, não é à toa que falam "ele faleceu" aqui no jornal.

Fui assistir televisão, como sempre não tinha nada que presta, mas claro que as vezes eu via um programa de receita, que não intendo o porquê, de ter um pássaro junto com ela, talvez um dia ela fale "hoje para a receita vamos precisar de ovos, filé e um bom papagaio".

Em quanto eu assistia aquele programa, comecei a adormecer, eu lembro do sonho, como se fosse agora... acho que é por conta da dor, pois essa dor que sinto é a mesma que senti no sonho.

Eu estava em pé, vestindo uma camisa social branca, uma calça jeans, e um sapato preto, eu andava por minha casa, sim eu sabia que era minha casa, poderia reconhecer muito bem o tapete bege no chão, as paredes brancas, as fotos nas paradas com as fotos das férias de muito tempo atrás, lá em uma foto estavam três pessoas, eu, Rose, e mais alguém... será que era o meu amor do passado, cheguei mais perto da foto, e sim, era Clarisse, minha falecida esposa, de longe eu poderia saber, pois me lembro daquela foto, mas eu e Rose a perdemos na mudança de nossa casa para cá, no sonho tinha até a marca de batom das duas, e estava escrito bem em baixo do pescoço de Clarisse, "Clarisse & Rose, amamos o papai" ... sabe quando choramos no sonho, e fora dele ao mesmo tempo? Foi aquilo que aconteceu, pois no sonho cai ajoelhado em choro, a fora do sonho, chorei de deixar meus ombros molhados.

Henrique B Souza
Enviado por Henrique B Souza em 04/06/2017
Reeditado em 04/06/2017
Código do texto: T6017811
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