Fragmentos 1.
Eu não sei ao certo o que estou sentindo, perdoe-me, mas não estou conseguindo controlar meus sentimentos. Talvez eles tenham razão em dizer que sou fraco, definitivamente sou mesmo fraco, inconstante eu diria. Eu não sei dizer como tudo isso começou, e nem quando tudo isso começou, sei apenas que isso faz parte de mim agora. Era o verão do ano dois mil, numa tarde bastante ensolarada em uma pequena cidade do interior de Paulista. Cidades pequenas geralmente tem dessas coisas, todo mundo conhece todo mundo; inevitavelmente, todos sabem da vida de todos. Eu sempre deixei claro para os meus pais que eu nunca gostei de cidades pequenas, mas, fazer o que, geralmente, em famílias comuns a história seria outra. Um rapaz adulto deveria de pelo menos tomar conta de sua própria vida, cuidar de seus interesses, ter sua vida sendo direcionada por si mesmo e mais ninguém, mas nunca foi assim, desde criança que eu sofria com o desprezo e a indiferença das pessoas, sempre se distanciando de mim, não gostavam de conversar, não davam atenção, não eram recíprocas, caçoavam fazendo daquela pobre criança o quem bem entendia. Hoje, pensando nessas coisas todas, talvez seja isso, talvez seja essa a chave de todo meu sofrimento e a resposta para os meus constantes devaneios. Não é sempre que acontecem, mas os surtos de loucura e os devaneios ainda ocorrem mesmo depois do tratamento psicológico com o doutor Fernando, depois de incontáveis sessões, tantas e tantas conversas, ainda sim, tem constantes momentos onde eu surto, é como se a minha mente e o meu intelecto desaparecesse repentinamente. Por isso não considero certo os meus sentimentos. Ela que é tão linda, seus olhos negros brilhantes, seu talhe esbelto, seu jeito simples, tudo nela encanta de forma magnífica, tudo nela é maravilhoso, por isso me sinto assim, desconectado perto dela, fora de si, ela tão jovem, eu tão velho, ela tão alegre, eu tão calado, ela tão esperta, eu tão desligado, como por Deus isso pode dar certo? Eu definitivamente não estou em meus dias bons, meu semblante abatido revela a minha alma cansada e amargurada, perdoe-me mais uma vez, estou falando e falando, e nem ao menos, me apresentei, meu verdadeiro nome não tem importância, contudo, permita-me apresentar-me como Benjamim de Israelis, eu sei que o nome não é muito propício, e nada tem haver comigo e com a minha personalidade, mas quero usá-lo mesmo assim, gostei dele, é diferente. Eu me considero um filho da solidão por ela eu sou levados todos os dias da minha vida, e com ela descerei a cova, não me levem a mal, mas ser assim não foi uma escolha, foi uma consequência de anos e mais anos de extremo sofrimento, de contínuas injúrias de meus respectivos pais e parentes e o resto da humanidade, ou pequena comunidade como elas gostavam de se chamarem. Eu os odeio, com todas as forças do meu coração eu os odeio, não há na terra alguém que tenha mais ódio do que eu não se assuste, mas eu advertir-lhes que não sou uma pessoa normal como as outras, não tenho atitudes normais. Hoje é apenas o primeiro dia de muitos outros, e essas palavras são as primeiras de muitas outras que estão por vir, sou o que sou e nada mais tenho a declarar, se vocês entendem ou não, daí já não é o meu problema. Por hora despeço-me, até mais ver.