A MOTO DESOBEDIENTE
A moto de Caxias estampava o emplastro da sua loja, assim o guarda de trânsito não teve dificuldade em achar o dono da moto estacionada em local errado:
- bom dia, seu Caxias, esta moto é sua, né? O senhor está sendo multado.
- sim, a moto é minha, mas qual a razão da multa?
- a moto está estacionada em local errado.
- mas o senhor não sabe que há filhos que desobedecem aos pais?
- sim, senhor, filhos sim, mas motos? Motos nunca vi.
- pois eis aí a prova.
- seu Caxias, por favor, respeite minha autoridade, venho aqui em nome da lei para punir sua ação de estacionar a moto em local errado.
- mas quem foi que disse que a ação foi minha?
Caxias iria longe defendendo seus direitos, afinal de contas, que provas teria o guarda que o dono da moto seria o mesmo que estacionara o veículo? Desta forma, o guarda prosseguiu:
- o senhor está insinuando que a moto veio por conta própria parar neste indevido local?
- eu não afirmei isso...
- olha só, estou cansando das suas escusas. O senhor diz que a moto é como um filho que estaciona a si mesma em vaga proibida e agora está desmentindo? Por favor, tenha santa paciência, vamos, vamos que hoje te multo...
- mas multar por quê? Vai me multar por talvez não ser um pai tão bom quanto o senhor deseja, seu guarda?
- seu Caxias, olha o desacato! Deixe de desculpar-se chamando a moto de filha! Eu sou um profissional respeitado, nunca faltei com os bons princípios da lei, o código de trânsito brasileiro é meu livro de cabeceira e minha estrela guia e o senhor irá...
Enquanto o guarda discursava como se estivesse num plenário, o filho de Caxias aparece chorando e pede perdão ao pai por ter parado a moto em lugar errado. Abraça o pai e promete nunca mais fazer isso. Cena linda e tal. Não é que o Caxias estava certo mesmo quando falou sobre filho desobediente?!