O preço do pastel de feira!
(Ao Big Ben)
Num sábado de sol maravilhosamente radiante me deu uma recaída de nostalgia e resolvi fazer uma coisa que não fazia recentemente: dar um rolê na feira e aproveitar e comprar umas coisinhas pra abastecer a despensa que estava quase vazia.
E lá fui eu de sacola na mão transitar entre barracas que exalavam diversos odores, do perfume das frutas passando pela maresia dos peixes e o cheiro acre dos temperos.
Os feirantes laçam mão dos seus pregões e jargões para atrair a freguesia que vão do manjado "Moça bonita não paga mas também não leva" ao criativo "O patrão morreu e a viúva tá dando quase de graça".
Depois de algumas compras fui direto pra barraca de pastel, pois ir a feira e não comer um pastelzinho é o mesmo que ir a igreja e não rezar,...liturgia paulistana, entende?
Enquanto aguardava o meu atum com catupiry fui observando a atitude dos diversos personagens que se apresentavam a minha frente.
Como por exemplo o encontro casual de dois vizinhos amigos de infância que depois de um forte abraço combinavam ir no bar do Pedrão,ali perto, para tomar uma sagrada e gelada cervejinha, colocar o papo em dia e admirar as beldades que desfilam distraídas pela calçada mexendo no celular.
As comadres fofoqueiras vizinhas de parede que se encontravam pra comentar as última dos famosos, o último capítulo da novela ou a bagunça da festa de aniversário barulhenta de um adolescente da rua que na noite anterior tocou música alta até as 4 da manhã.
Depois seguem, cada uma com seu carrinho, pra barraca de hortaliças reclamarem dos preços e periciar o pé de couve.
De repente uma personagem chegou pra decorar o ambiente vestia short jeans e camiseta colorida tinha os olhos verdes e trazia um Ray Band dos anos 70 original de armação dourada e lentes verde garrafa no alto da cabeça servindo de tiara pra prender parcialmente um cabelo longo, cacheado e volumoso...um verdadeiro colírio.
Pediu um de queijo pra viagem e passou por mim exalando um perfume delirante.
Cheguei em casa com a sacola relativamente pesada mas a alma leve como uma pluma. Esta crônica custou o preço do pastel de feira...ah, não podemos esquecer do caldo de cana, entendeu?
Como é simples e barato se sentir feliz!!!