A TOSSE DO TÓZINHO
Lembranças da saudosa vó Izaura (foto)
demais ilustrações:Imagens do google
Dona Izaura,minha avó materna,tinha um vira-latas pitoco, pelagem preta com algumas manchas brancas.
Chamava-se "Tó",ou "Tózinho"...Para os íntimos.
Mimado ao extremo,era mesmo um cachorro muito chato. Apesar de conhecer muito bem, à mim e meus primos , à cada vez que aportávamos à casa de vovó lá vinha êle "se achando! ".
Latia incessantemente e,vez e outra,afetado por suas crises de estrelismo,excedia-se em arrogância , tascando dentadas em quem ousasse cruzar à sua frente.(Os glúteos de minhas finadas tias que os disessem.E aqui,até pra que não se cometa nenhuma injustiça,incluo no rol o glúteo de dona Hilda,minha finada mãe,muitas vezes igualmente "tascado" pela alva dentição do meliante).
Bem...Tózinho, Aquêle!...Padecia de uma tosse crônica.Fungava o tempo todo ,o que à nós,os angelicais (?) netinhos enchia a paciência!
À vó Izaura: Comovia.
E tanto! Que à cada tossida mais veemente podia-se ouvir a frase condoída:
_Tadinho do Tózinho!
Penso até que o protegido de dona Izaura entendia em muito e aproveitava-se da condição para exercer a sua chantagenzinha "cachorramente" emocional.
Meus primos e eu,éramos frequentadores assíduos do casarão de dona Izaura,mais especificamente no horário da ordenha da tarde,para tomarmos o apôjo, que nos era servido nas cambuquinhas de ágata com paparicos que igualavam-se àqueles dispensados ao vira latas .
Vovó,traumatizada com a fungação do adulado,mantinha sempre em sua prateleira umas garrafinhas de xarope.(Embora ela negasse,sabíamos que eram administradas algumas generosas doses ao mordedor).
Aquêle xarope era delicioso e muitas vezes nós, os netos, ingeriámos alguns talagaços às escondidas.
Em outras ocasiões,simulávamos crises de tosse e a boa senhora, com aquêle carinho que lhe restara da professôra que um dia foi, prontamente corria até a prateleira , retornando com colher e a garrafinha do "saboroso".
_Tomem um "Bromilzinho", prá não pegar a tosse do Tózinho!
E a fila de pré candidatos à tuberculosos (morrendo de rir, internamente, é claro) deliciava-se ao "Bromil" de dona Izaura.
Estas lembranças me ocorreram após ter lido na página da amiga Giustina a crônica "Inverno do Sul", onde a grande cronista descreve as belezas do nosso inverno sulino (aliás privilégio da pinguizada cá de baixo) onde fala com muita propriedade das consequências do frio sobre a saúde das pessoas, inclusive revelando-se temerosa à onda de "doenças do inverno".
Diante disso, esperando que o inverno lhe reserve única e exclusivamente a magia do cenário, à título de sugestão, recomendo-lhe correr até a farmácia mais proxima e adquirir uns frasquinhos de "Bromil".
Assim, quando o minuano dos pampas varrer as coxilhas, rabear caudas de quero-queros e com truculência fizer ranger portas e janelas, antes do inevitável arranhãozinho na garganta,
Tome um Bromilzinho...
"Pra não pegar a tosse do Tózinho!"
Joel Gomes Teixeira
Texto reeditado.
Preservados os comentários ao texto anterior:
10/12/2011 05:38 - Chico Chicão
Meu caro Joel amigo do meu Paraná querido.Ao invés de Bromil,prefiro um chá de dente de alho,cebola c/ casca e acúcar em meio litro dágua.Belo xarope sem química e limpa qualquer resíduo nos dutos pulmonares.O cachorrito aprontava era uma cachorrada emocional para uma senhora amável.Os cachorros entendem do ser humano.E como!!!Estas histórias contadas na sala que você ora se apresenta estão ótimas.Conta mais.Obrigado,amigo.Fique na paz!
29/06/2010 18:36 - Malgaxe
Ta anotado, Bromil, aliás sou conhecido nas hostes familiares por ser um hipocondríaco, amante incorrigivel de remédios, mas é fofoca da oposição, sou nada. Em todo caso qdo tiver oportunidade vou provar este Bromil, parece bom. Abraços
28/06/2010 14:44 - Dante Marcucci
Ja tomei muito xarope...e nem era por causa do cachorro..era bom mesmo, melagrião! Muito boa a cronica, como sempre. Parabens. Um abraço gaucho.
27/06/2010 22:17 - Anita D Cambuim
Sua vida infantil movimentada tem rendido ótimas crônicas. E eu que me tornei sua fã, leio todas com muito prazer. Boa semana, Joel.
27/06/2010 19:56 - LÍVIA MASCARENHAS
Oi Joel, o Tózinho e seu xarope, os netinhos e o xarope do Tózinho. Será que vovó Izaura não percebia a armação??? Kkkkkkk. Beijos poéticos....
27/06/2010 19:35 - Layara
o Tózinho de bobo não tinha nada!!!!abração.
27/06/2010 18:40 -
Será que o Tózinho não está viciado no Bromil, como você e seus primos? Gostei da simplicidade do texto, o que lhe é peculiar, meu amigo. Gostoso de ler. Abraços!
27/06/2010 11:43 - Lilian Reinhardt
Que linda escrita poeta da minha terra. Com olores, esse nosso inverno cá no sul tem esse sabor de terra pura, manhãs que se abrem ao sol e à vida, sob frio cáustico, a ternura e os cuidos, a doçura do xarope escondido, a canequinha do leite quente, do apojo, cuidar com a tosse, colheradas de vida,lindo demais! um grande abraço
27/06/2010 09:11 - Lenapena
Bom dia Iratiense, beleza de cronica, delicia de ler, eita cachorrinho mimado em.... Agora o inverno no sul e um privilegio, muito lindo. Parabens
27/06/2010 01:17 - Giustina
Pois não é que já estou com tosse? E o inverno mal começou! Acho que tua sugestão veio a calhar. Se curava a tosse do Tózinho, deve me curar também. Acho que combinamos: na minha crônica de hoje cito o teu nome também! Beijão.
26/06/2010 22:32 - geraldinho do engenho
É COMPANHEIRO INFÂNCIA É COMO SUMO DE ASSAPEIXE COM AZEITE DE MAMONA TOMEI UM CHÁ DESSE TROÇO QUANDO ERA CRIÃNÇA NUNCA MAIS ESQUECI ATÉ HOJE MEU ESTOMAGO REVIRA...ASIM SÃO AS LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA NÃO SE ESQUECE MESMO!ao contrario do chá é doce como seu bromil!Um abraço amigo!
26/06/2010 21:43 - sandra canassa
Olá menino!Adorei a idéia.Vou recomendar...beijus de luz.
26/06/2010 20:26 - Defranco
Fala amigo de Iratí, bom texto. Agora vou conhecer Giustina. Um abraço
amigo.
26/06/2010 20:09 -
E aí, Joel! Faz tempo que eu não passava por aqui... Adorei o texto, com sabor de nostalgia... Grande!
Lembranças da saudosa vó Izaura (foto)
demais ilustrações:Imagens do google
Dona Izaura,minha avó materna,tinha um vira-latas pitoco, pelagem preta com algumas manchas brancas.
Chamava-se "Tó",ou "Tózinho"...Para os íntimos.
Mimado ao extremo,era mesmo um cachorro muito chato. Apesar de conhecer muito bem, à mim e meus primos , à cada vez que aportávamos à casa de vovó lá vinha êle "se achando! ".
Latia incessantemente e,vez e outra,afetado por suas crises de estrelismo,excedia-se em arrogância , tascando dentadas em quem ousasse cruzar à sua frente.(Os glúteos de minhas finadas tias que os disessem.E aqui,até pra que não se cometa nenhuma injustiça,incluo no rol o glúteo de dona Hilda,minha finada mãe,muitas vezes igualmente "tascado" pela alva dentição do meliante).
Bem...Tózinho, Aquêle!...Padecia de uma tosse crônica.Fungava o tempo todo ,o que à nós,os angelicais (?) netinhos enchia a paciência!
À vó Izaura: Comovia.
E tanto! Que à cada tossida mais veemente podia-se ouvir a frase condoída:
_Tadinho do Tózinho!
Penso até que o protegido de dona Izaura entendia em muito e aproveitava-se da condição para exercer a sua chantagenzinha "cachorramente" emocional.
Meus primos e eu,éramos frequentadores assíduos do casarão de dona Izaura,mais especificamente no horário da ordenha da tarde,para tomarmos o apôjo, que nos era servido nas cambuquinhas de ágata com paparicos que igualavam-se àqueles dispensados ao vira latas .
Vovó,traumatizada com a fungação do adulado,mantinha sempre em sua prateleira umas garrafinhas de xarope.(Embora ela negasse,sabíamos que eram administradas algumas generosas doses ao mordedor).
Aquêle xarope era delicioso e muitas vezes nós, os netos, ingeriámos alguns talagaços às escondidas.
Em outras ocasiões,simulávamos crises de tosse e a boa senhora, com aquêle carinho que lhe restara da professôra que um dia foi, prontamente corria até a prateleira , retornando com colher e a garrafinha do "saboroso".
_Tomem um "Bromilzinho", prá não pegar a tosse do Tózinho!
E a fila de pré candidatos à tuberculosos (morrendo de rir, internamente, é claro) deliciava-se ao "Bromil" de dona Izaura.
Estas lembranças me ocorreram após ter lido na página da amiga Giustina a crônica "Inverno do Sul", onde a grande cronista descreve as belezas do nosso inverno sulino (aliás privilégio da pinguizada cá de baixo) onde fala com muita propriedade das consequências do frio sobre a saúde das pessoas, inclusive revelando-se temerosa à onda de "doenças do inverno".
Diante disso, esperando que o inverno lhe reserve única e exclusivamente a magia do cenário, à título de sugestão, recomendo-lhe correr até a farmácia mais proxima e adquirir uns frasquinhos de "Bromil".
Assim, quando o minuano dos pampas varrer as coxilhas, rabear caudas de quero-queros e com truculência fizer ranger portas e janelas, antes do inevitável arranhãozinho na garganta,
Tome um Bromilzinho...
"Pra não pegar a tosse do Tózinho!"
Joel Gomes Teixeira
Texto reeditado.
Preservados os comentários ao texto anterior:
10/12/2011 05:38 - Chico Chicão
Meu caro Joel amigo do meu Paraná querido.Ao invés de Bromil,prefiro um chá de dente de alho,cebola c/ casca e acúcar em meio litro dágua.Belo xarope sem química e limpa qualquer resíduo nos dutos pulmonares.O cachorrito aprontava era uma cachorrada emocional para uma senhora amável.Os cachorros entendem do ser humano.E como!!!Estas histórias contadas na sala que você ora se apresenta estão ótimas.Conta mais.Obrigado,amigo.Fique na paz!
29/06/2010 18:36 - Malgaxe
Ta anotado, Bromil, aliás sou conhecido nas hostes familiares por ser um hipocondríaco, amante incorrigivel de remédios, mas é fofoca da oposição, sou nada. Em todo caso qdo tiver oportunidade vou provar este Bromil, parece bom. Abraços
28/06/2010 14:44 - Dante Marcucci
Ja tomei muito xarope...e nem era por causa do cachorro..era bom mesmo, melagrião! Muito boa a cronica, como sempre. Parabens. Um abraço gaucho.
27/06/2010 22:17 - Anita D Cambuim
Sua vida infantil movimentada tem rendido ótimas crônicas. E eu que me tornei sua fã, leio todas com muito prazer. Boa semana, Joel.
27/06/2010 19:56 - LÍVIA MASCARENHAS
Oi Joel, o Tózinho e seu xarope, os netinhos e o xarope do Tózinho. Será que vovó Izaura não percebia a armação??? Kkkkkkk. Beijos poéticos....
27/06/2010 19:35 - Layara
o Tózinho de bobo não tinha nada!!!!abração.
27/06/2010 18:40 -
Será que o Tózinho não está viciado no Bromil, como você e seus primos? Gostei da simplicidade do texto, o que lhe é peculiar, meu amigo. Gostoso de ler. Abraços!
27/06/2010 11:43 - Lilian Reinhardt
Que linda escrita poeta da minha terra. Com olores, esse nosso inverno cá no sul tem esse sabor de terra pura, manhãs que se abrem ao sol e à vida, sob frio cáustico, a ternura e os cuidos, a doçura do xarope escondido, a canequinha do leite quente, do apojo, cuidar com a tosse, colheradas de vida,lindo demais! um grande abraço
27/06/2010 09:11 - Lenapena
Bom dia Iratiense, beleza de cronica, delicia de ler, eita cachorrinho mimado em.... Agora o inverno no sul e um privilegio, muito lindo. Parabens
27/06/2010 01:17 - Giustina
Pois não é que já estou com tosse? E o inverno mal começou! Acho que tua sugestão veio a calhar. Se curava a tosse do Tózinho, deve me curar também. Acho que combinamos: na minha crônica de hoje cito o teu nome também! Beijão.
26/06/2010 22:32 - geraldinho do engenho
É COMPANHEIRO INFÂNCIA É COMO SUMO DE ASSAPEIXE COM AZEITE DE MAMONA TOMEI UM CHÁ DESSE TROÇO QUANDO ERA CRIÃNÇA NUNCA MAIS ESQUECI ATÉ HOJE MEU ESTOMAGO REVIRA...ASIM SÃO AS LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA NÃO SE ESQUECE MESMO!ao contrario do chá é doce como seu bromil!Um abraço amigo!
26/06/2010 21:43 - sandra canassa
Olá menino!Adorei a idéia.Vou recomendar...beijus de luz.
26/06/2010 20:26 - Defranco
Fala amigo de Iratí, bom texto. Agora vou conhecer Giustina. Um abraço
amigo.
26/06/2010 20:09 -
E aí, Joel! Faz tempo que eu não passava por aqui... Adorei o texto, com sabor de nostalgia... Grande!