O Pássaro
Gostaria que a sensibilidade que tinha para desenrolar as palavras ainda estivesse intacta. Mas, estranhamente, notei esta sensação que algo fora perdido dentro de mim, como se estivesse guardado tão fundo, de uma forma que fosse impossível de achar.
Não sei como começou, mas sei que tentei culpar tudo o que me parecesse um órgão causador de tais sensações. Um deles fora o tempo. Ora, não é o mesmo que é passageiro, que torna a vida efêmera, é veloz e destrói tudo? Tudo torna-se instável e inconstante. Parecia muito preciso culpá-lo pelo meu conflito.
Mas o tempo, o cretino descrito no parágrafo acima, mostrou-me que ele, de fato, não era um órgão causador de meus problemas, mas na verdade, o "causador" era minha própria prisão. Eu me aprisionei. Não, falando melhor, fiz o mesmo que Bukowski; aprisionei meu Pássaro Azul. Ele ficou por tanto tempo enjaulado, que chorou para voar. Coitado, ele anseia por liberdade. E eu também [...]
Por mais que minha agonia por ficar presa seja constante, por mais que nunca aceitasse que colocassem correntes em meus pés, eu mesma o fiz.
Tudo bem um pouco de melancolia no momento. Tudo é efêmero. E estas sensações irão se transformar em poesia quando a sensibilidade voltar. Quando o Pássaro voar.