A falta dela é prisão perpétua.
Sabe q eu entendo bem a dor imensurável q há dentro do coração di cada um dos q estão na banca de condenados a prisão perpétua...? A ausência Dela faz com q a realidade seja um todo grotesco masmorrado & desmoronado di cores & sons q nem di longe se comparam a presença do sorriso Dela. A falta Dela é prisão perpétua. Daí q a esperança é a fé: e tudo isso não passa di bom ópio da realidade: é o medo di aceitar os fatos q cria a fé, a esperança. Daí q tenho um grande amor, e isso é triste como é triste um fim di tarde, quando ja se sente a noite entrada, como uma borboleta pela janela. Tristeza essa q não é nenhum pouco natural, muito menos justa. Me estupefata flagar-me rindo desse fato: tenho um grande amor! Foram-se embora muitos anos de pensar inútel, muitas transas inúteis, muitas moças q pensei amar mas nem era amor não: amar mesmo soh amei & amo uma: 8 anos & 6 meses di saudade & a nossa música está mais bonitinha a kada dia q ouço... Daí q o último poema q a entreguei tinha 150 páginas: quase meio kilômetro di puuuuura poesia caligrafikamenti desenhada: e isso não adiantou: ela nem me ligou: nem ligou. Eu sou muito triste por amar uma mina q a mim não ama, mas prefiro ser triste e realista do q me lamear da maldita fé, da maldita esperança & ficar nakela ladainha inútil q o Nietzsche detestava, & eu também, eu também...
(...)
E agora? "Amar é pensar", já dizia o Pessoa. "Viver é melhor q sonhar", já dizia o Belchior. E eu digo q nem a vida nem nada tem graça sem ela. E a esperança, a mesma esperança q eu tanto detesto, é o único laço q ainda me une ao calor dakele abraço, a luz dakeles olhos... & a canção oculta no sorrir dakeles Santos Lábios... maldita esperança? Ou será bendita? Enquanto a espero, as minhas grades têm a cor da luz das estrelas & o ar puro, o cantar da aves dessa ilha, a luz da lua vermelha q se reflete nas mesmas águas em q os golfinhos brincam. São belas grades: mas são grades!
A falta dela é prisão perpétua.