Para ela.

Para ela eu teria escrito alguns dos meus poemas, entre os quais aquele que fala de um presente imaginado como o mais singelo de todos.

Para ela acabei correndo mais que devia em uma manhã chuvosa de domingo retornando de uma viagem do Rio de Janeiro onde assisti a gravação de um especial de final de ano do Roberto Carlos. Talvez por isto retornei cantarolando algumas das canções como uma que parecia me fazer falar para ela e que assim dizia: "Eu sou aquele amante a moda antiga , do tipo que ainda manda flores, aquele que no peito ainda abriga, recordações de seus grandes amores..."

Tudo por ela, até aquela derrapada na curva tortuosa de uma estrada cercada pelas montanhas de Minas, no distrito, naquela é poca não tão famoso de Lavras Novas, próximo a Ouro Preto.

Um dia sem maiores motivos, apesar de todos os meus mimos, ainda teve a audácia de dizer que somente poemas e flores não era o suficiente para manter esta relação amorosa platônica, e com um modo muito peculiar de quem trata com desdém os poetas ainda antes de partir disse secamente após eu indagar, quase implorando sua presença, falou: - Saiba, cansei de rosas, e ainda verso não enche barriga e nem adorna o corpo. A partir dali entendi que o mundo que ela queria era a de luxo e jóias, coisa que naquele momento não estava a meu alcance.

Após passado alguns anos, ela não estava tão viçosa como antes, reencontrei-a casualmente, confesso que o peito acelerou, mas conversamos rapidamente, banalidades e nos despedimos como se não tivesse tido nenhum envolvimento entre nós.

Depois olhei o telefone e uma chamada não atendida registrada, desprezei.