Phodinha

Quando era rapazote, com meus 16 ou 17 anos, andava com uma patota que fazia de coanta que era da pesada. Usava - pelo menos eu - ´culos escuros daquele que chamavavam "Ronaldo" (devido ao carinha, junto com outro bandidinho, que jogaram Aída Cury de cma de um edifício, usar, o que virou moda entre os adolescentes, a gente nem enxergava direito, eram vendidos no meio da feira), camisa banlon vermelha, calça faroeste, sapato sem cadarço sem meias (dava um chulé danado), cabelo cheio de brilhantina Glostora ( que misturado com a poeira dava um melelê da gota serena) e cigarro Continental serm filtro no bico. Só faltava o casaco Mc Gregor vermelho para virar um James Dean em compotas matuto. Éramos uns berosos, doidos para impressionar as meninas, e às vezes conseguíamos, nem pensem que as mocinhas daquele tempo não tinham a sua porção sapeca. Calá-te boca.

Bom, na nossa turma havia um sujeito mais velho, já casado, mas que trava nda de jovem. E que contava muita vantagem. Mentia mais que cachorro de fateira. E tinha a mania de quando e gabava afirmar: - Eu sou fodinha! Era fodinha em conquistar as meninas, em jogar sinuca, futebol, damas, beber e não fcar bêbado, emser corajoso, era, dizia, ele fodinhaem tudo. Mesmo não sendo bom em nada. Mas como tinha emprego fixo e dinheiro no bolso e, claro, pagava as farrinhas a gente aturava o fodinha. Havia um bar de propriedade de um velho muito espirituoso onde fazíamos ponto. O velho não gostava do fodinha, achava-o pernóstico e mentiroso. Mas ia aguentando porque ele pagava as contas.

Mas um dia o fodinha chegou no bar triste, nervoso e tremendo mais que vara verde, não contou nenhuma vantagem. Todos ficamos surpresos, alguma coisa acontecera e não fora coisa boa. Foi tiroe queda. De repente ele começou chorar e disse: - Tô acabado, minha mulher fugiu com um motorista de caminhão. Como é que acontece uma desgraça dessa comigo? Que é que as pessoas vão dizer, vão começar a me apelidar daquele nome horrível que denominam os maridos traídos. Estava pensando mais na opiniao pública. Foi quando o dono do bar, o velho mordaz e ferino, disse: - Você arruma outra, mas jamais vai se livrar do apelido. O fodinha indagou qual seria o apelido. O velho rindo disse em alto e bom som: - CORNO FODINHA! Nunca se livro desse apelido, caiu como uma luva. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 30/05/2017
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