AH, MEU SANTO ANTÔNIO!
Quando mais moça eu sonhava com o casamento, sim, claro. Imagino que todas, em algum momento da vida, pensamos nisso. Mas agora penso que o melhor para mim é me dedicar à minha formação profissional e às experiências que o mercado me oferecer, coisas que eu não conseguiria administrar se juntasse a elas um marido, uma vez que os maridos esperam da esposa um tipo de mulher que eu não sou. Inclusive porque a presença masculina em minha casa poderia causar desconforto às minhas filhas, acostumadas ao espaço que é só nosso, há muito tempo, e em mim, pelo pânico que tenho só de pensar que alguma coisa de ruim possa acontecer com elas. Eu não sei lidar com certos tipos de riscos.
Eu quero namorar, é verdade. Estou viva, o que me faz pensar que é absolutamente normal desejar um amor. Mas, na minha imperfeição, acabo criando barreiras que me separam do mundo. Não me sinto atraída por ninguém, há sempre algo falho nas pessoas, nas abordagens, nos modos de se conceber uma relação. Isso talvez signifique que haja algo errado comigo e não com as pessoas. Encontrar alguém sensível o suficiente que me compreenda e me toque é querer demais, eu sei.
Até posto apelos a Santo Antônio na minha página no Facebook, mas é pura brincadeira, na verdade meu pedido ao Santo é que afaste de mim qualquer possibilidade que represente risco às minhas escolhas. Nada me assombra mais do que a ideia de submissão e infelizmente muitas relações ainda se mantêm a custa de sacrifício.
Santo Antônio é meu amigo! Eu jamais roubaria dos seus braços o menino Jesus, como forma de pressioná-lo a resolver meu problema, nem o colocaria de cabeça pra baixo, coitado, ele é inocente.