ALUNOS DO NOTURNO OU DAS TREVAS?( "Quanto pior for a qualidade da educação, mais relevante será o papel da psiquiatria no terceiro milenio..." — Augusto Cury)

Agora, todo o ensino médio noturno se tornou "EJA". É muito fácil pegar o atalho, basta ficar para trás na vida escolar. Quando todos estiverem à frente, os retardatários recorrem às brechas da lei, chegam primeiro e, diga-se de passagem, com notas melhores! Seria isso o tal dos dois pesos e duas medidas que a Bíblia tanto condena?

Quando trabalhei na EJA, me diziam que essa modalidade acabaria quando a demanda findasse, era emergencial, mas se oficializou. Não acaba nunca, todo mundo quer se transferir para o turno noturno! Por que fomentar essa concorrência desleal com os tradicionais? O currículo técnico da EJA não é o problema, até curso por correspondência convém, quando é cumprido profissionalmente. Porém, o problema sempre foi atender aqueles que já estão acostumados a não valorizar a academia! Os alunos da EJA não só requerem atenção diferenciada, como fazem questão de mostrar que estão se dando bem, comportando-se arrogantemente fingindo-se de espertos. Esse espírito até seria justificável se houvesse uma seleção rigorosa para ingresso na EJA. Porém, fizeram o que fizeram quando tinham a idade compatível às séries da modalidade regular e agora incorporam oficialmente essa atitude indicadora de aparente inteligência, quando na verdade é só "esperteza". "Não há nada tão estúpido como a inteligência orgulhosa de si mesma" - (Bakunin). E uma grande maioria não se cansa de abusos. Se aproveitam que as trevas oferecem maior segurança para os baderneiros, a iluminação é precária no espaço físico da escola, o horário contribui para o uso de drogas e o comércio ilícito.

Nunca devemos esquecer do que disse Ralph Waldo Emerson: "Nenhum grande homem se queixa de falta de oportunidades". Isso é verdadeiro, eu nunca vi faltar vaga de trabalho para "professor"! Porém, já vi muitos alunos que não respeitaram seus professores e nem a escola, não valorizaram seus estudos e hoje continuam sendo mão de obra barata. Mais tarde voltam para a EJA acusando o sistema, dizendo que não tiveram oportunidade, são vítimas da sociedade! Ou ...levianos sociais?

Que se unifique tudo na modalidade regular com deveres e direitos iguais. Senão o fiel da balança ficará sempre torto. Mesmo porque, ao fazer um concurso, a circunstância é igual para todos portadores do diploma exigido.

Há quem pense que essa reformulação do sistema atual se faz necessária devido à singularidade dos estudantes do período que requer mais maturidade e compromisso. Engano, fui professor tanto do matutino quanto do noturno, e a maioria dos da noite se faz mais difícil de trabalhar, não cumprem nem as atividades em classe, têm comportamento mais indisciplinado do que os adolescentes do matutino: ficam fora da sala, faltam muito, conversas paralelas na hora das aulas, fone de ouvido, se ofendem mais e se opõem mais brutalmente às correções do professor, guardam rancor. Enfim, nunca têm tempo para desempenhar os projetos culturais da unidade escolar. Não deveriam ter um atendimento especializado só porque são alunos diferentes em termos de responsabilidade social. Por último, o diploma da EJA deveria ser caracterizado.

Dezoito por cento dos jovens com idade de ensino médio estão fora da escola, diz a mídia. Estariam eles provavelmente, esperando completar a idade requisito da EJA para cumprirem a lei do menor esforço, ou o "jeitinho brasileiro"? Considerando que os professores não ganham o adicional periculosidade ou insalubridade (artigo 193 ou 189 da CLT), o ensino noturno nem deveria existir nas redes públicas, a solução é abrir mais escolas, ainda que estudar é considerado trabalho e não se deve trabalhar três turnos, pois já trabalharam o dia todo.

"Mentes criativas são conhecidas por resistirem a todo tipo de maus tratos". (Anna Freud)

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. EJA: atalho ou oportunidade?

O autor critica a ideia de que a EJA seja um "atalho" para o ensino médio. Quais são seus argumentos contra essa visão?

De acordo com o texto, como a EJA pode ser vista como uma oportunidade para os alunos que não concluíram seus estudos na idade regular?

Você concorda com a crítica do autor à facilitação do ingresso na EJA? Por quê?

2. Desafios do ensino noturno:

O autor apresenta diversos desafios enfrentados no ensino noturno, como falta de disciplina, desvalorização dos estudos e infraestrutura precária. Quais são as causas desses problemas, na sua opinião?

Como esses desafios afetam o processo de ensino-aprendizagem dos alunos da EJA?

Que medidas poderiam ser tomadas para melhorar a qualidade do ensino noturno?

3. EJA e o "fiel da balança torto":

O autor defende a unificação da EJA com o ensino regular, argumentando que isso tornaria o sistema mais justo e equilibrado. Explique essa ideia com suas palavras.

Que desafios precisariam ser superados para implementar essa unificação?

Você acredita que a unificação da EJA com o ensino regular seria benéfica para todos os envolvidos? Por quê?

4. Responsabilidade individual e social:

O autor critica a postura de alguns alunos da EJA que culpam o sistema por suas dificuldades. Qual a sua opinião sobre essa crítica?

De que forma a sociedade pode contribuir para a inclusão e o sucesso dos alunos da EJA?

Que papel os próprios alunos da EJA podem ter na superação dos desafios que enfrentam?

5. O futuro da EJA:

O autor questiona a necessidade do ensino noturno nas redes públicas, defendendo a abertura de mais escolas em horário integral. Quais são os argumentos a favor e contra essa proposta?

Que outras medidas poderiam ser tomadas para fortalecer a EJA e garantir o direito à educação para todos?

Como você imagina o futuro da EJA no Brasil?

Dicas para responder às questões:

Leia o texto com atenção e identifique os pontos principais.

Releia os trechos que abordam os temas das questões.

Utilize suas próprias palavras para responder às perguntas, de forma clara e concisa.

Fundamente suas respostas com exemplos do texto e, se possível, com outras fontes de conhecimento.

Bônus:

Você já teve contato com a EJA, seja como aluno, professor ou familiar de alguém que frequentou essa modalidade de ensino? Se sim, compartilhe sua experiência.

O que você acha que pode ser feito para tornar a EJA mais eficaz e inclusiva?