Deserto de Pedra.

( Discreta homenagem a mitologia e seus mitos. )

        Aquele olhar encantador, de uma beleza que com palavras é impossível descrever. Eu a amo, com todas as forças do meu coração eu a amo, assim como uma abelha ama a doce seiva das flores, eu a amo, e a desejo com dor na alma. Já não sei mais o que eu faço da minha vida, sem ela ao meu lado sou como folhas secas jogadas ao vento. Para sempre vou ama-la, desmesuradamente vou ama-la, muito além do que se possa imaginar eu vou amá-la, eu me perco nos meus próprios pensamentos, na imaginação da curva delicada daqueles lábios, da perfeição daquele corpo nu. Mas sou apenas um simples poeta, que se veste de palavras de amor todos os dias. Somos a última frente de batalha de corações já cansados de lutar, meu desejo é de ter ela em meus braços, em cada presente sonho meu sempre mais e mais.

        Tu és filha de Pelasgo, a mais bela entre as ninfas, as deusas do olimpo te invejam, os deuses te desejam. Como não te amar, seria impossível tal coisa, até as flores se apaixonam ti. Não há no jardim da beleza uma flor sequer que não se dobre diante da sua realeza. O brilho cintilante de teus olhos cegou o luar e as estrelas envergonhadas perderam o seu brilho. Tudo está em silêncio agora, não há palavras, apenas os olhares que as próprias palavras nunca saberão descrever. Eu me rendo ao seu talhe magnífico, eu me rendo ao anjo ledo, na louca esperança de um dia alcançar um beijo apenas. Dos teus lábios ter a inocência do olimpo. Mas sou um mero mortal, indigno e não merecedor de tão grandiosa dádiva.  Eu te amo neta de Poseidon. Amo-te ainda mais anjo ledo, eu tentei esquecer esse amor, mas é impossível.

        Nas minhas noites de insônia eu te desejo, meus pensamentos buscam a tua imagem casta entre as estrelas, imaginando que talvez entre tantas constelações você esteja em uma deles.  Nas minhas noites de insônia fico perdido entre mil imaginações. Eu te imagino de todas as formas possíveis, e em cada uma delas, eu te amo sempre mais, de formas e modos diferentes. Sou louco por ti, pelo perfume de teus negros cabelos, pela suavidade da sua pele. Eu te amo filha dos deuses. Desejo os teus lábios, desejo a doçura da tua pureza, desejo os teus incandescentes toques. O meu amor é forte, resiste ao tempo, nada pode impedir esse amor. Talvez um dia, talvez em algum lugar, talvez em algum momento, talvez esse amor aconteça, talvez ele floresça, talvez eu te ouça me chamando de meu grande amor. Talvez filha de Pelasgo.

        Hoje é apenas mais um dia, a noite veio sorrateira, roubou-me o sono, trocando-o por tuas lembranças. São exatamente onze e meia da noite, sexta-feira, janeiro de dois mil e dezessete, cidade de Sorocaba. Sou apenas uma voz que grita no deserto de pedra, um poeta desvalido e vencido pelo amor. De tanto amar já não aguento, meu coração parece que vai explodir dentro do peito, sufoca a alma. Como eu queria dizer o quanto a amo, mas eu não posso, sou uma estrela solitária, vivendo a esmo em universo diferente, de um lado para o outro recolhendo pedaços de solidão, tentando viver dos cacos de um amor impossível, dos fragmentos de sorrisos, dos fragmentos de carinho, dos fragmentos atenção. Mas hoje sei que tudo o que eu temia de fato me aconteceu, eu não consegui fugir desse avassalador amor que me condenará.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 25/05/2017
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