A VELHICE É COMO A ÁRVORE
Quando a semente é lançada à terra e se encerra entre as partículas de matéria, na escuridão e na friagem, sua primeira reação é de surpresa e tristeza.
À medida que o tempo passa, sem outro apoio que não seja a própria essência, busca a força da eclosão. E vibrante e pura, sublime na resignação; vai alargando sua essência até desfazer seu pequenino envólucro. Tenra, frágil, de minuto, vai se expandindo e pouco depois vemos, abrindo sobre a terra, um pequeno broto de esperança. E no decorrer do tempo, ela alcança mais vitalidade e busca ansiosa o sol.
Cada arrebol é um aceno para o crescimento. O orvalho umedece, o sol aquece. A raiz suga a seiva e já não é mais um broto, mas tronco no qual se sente a qualidade e a capacidade de planta humilde em se ofertar, em se esgalhar, para abrigar.
Assim crescendo, exala odor, oferece dos frutos o sabor e a cor, das folhas o aconchego, dos galhos o agasalho.
Especie várias dela se servem, pássaros fazem seus ninhos, edificam perante os homens a alegria de viver, com seu cantar, com seu trabalho. com sua vóz maviosa com que ternamente cantam a Deus o seu amor.
Um dia, triste os mais tristes, a árvore generosa, saudosa de tanto amor, vai declinando em seu vigor. Envelhecida, enfraquecida, não mais pássaros,não mais insetos, nem parasitas, nem frutos e folhas.
Galhos secos ainda lembram ao vigor que aquela árvore fora fronsosa e agasalhou e dera sombras e muito amor.
Assim, na vida é a alma humana. Nasce feliz da pequenina semente. Expande-se, cresce, sonha, ama e padece. Em seu vigor oferta amor, seus braços aquecem e até esquecem o amargor da desilusão e da ingratidão. Um dia, então, a sua faina vai declinando, porque a sua força e o seu vigor cedem lugar á fraqueza, que traz vacilação para seus passos. Mas ainda restam seus braços frágeis, suas mãos trêmulas, seus olhos baços a atestar, a quem olhar, que dessa vida a declinar, há a lenbrança de muito afago, saudade de muito amor.
A velhice, é como a árvore;mesmo depois que ela chega, ainda resta nos cabelos brancos, nos braços fracos, nos olhos tristes, a lembrança dos dias vividos, Não a temais nem a queiras vencer à custa de artifícios. É vossa glória, e a vitória de tanta dor e tanto amor.