Falso bandido
Ouvi uma notícia engraçada: “bandido dá conta bancária para receber resgate”. Acho que não ando entendendo mais nada de criminalidade o que era, para mim, motivo de espanto, virou piada. Mas a culpa não é só do meliante, nós todos somos culpados em maior ou menor escala.
A impunidade está diretamente ligada ao voto. Na maioria das vezes os eleitores não sabem em quem estão votando e muito menos quais são as reais intenções dos seus candidatos. De quatro em quatro anos, elegemos um amontoado de sujeitos que apresentam centenas de certificados de boa conduta, mas, quando são eleitos, essas garantias perdem a validade.
O corporativismo acentuado das nossas instituições nos leva a acreditar que a curto prazo nada será feito. Hoje estamos enjaulados dentro de nós mesmos, já não usamos desculpas para os nossos medos, nem palavras que nos inocentam. A sensação que me ataca nesse momento é a de que somos todos bandidos.
No passado eu reclamava porque o presidente pedia para que esquecesse o que ele havia escrito, hoje reclamo porque o que aí está pede para que nós esqueçamos o que ele prometeu. Isso é tudo muito divertido. O vaivém é o mesmo, assim como o disse que me disse.
Toda vez que vejo o “genérico” na televisão eu penso: agora ele vai endurecer. Cara de pau, barba desgrenhada, soltando faísca pra tudo quanto é lado... até me assusta. Confesso que sinto arrepios de pavor. Mas no outro dia, depois do gozo, ele volta a ser um cavalheiro, diz logo que não era bem assim, que foi mal interpretado, que estão querendo provocá-lo, coisas desse teor.
Já estou até vendo a cara daquele cidadão honrado e sério – aquele da conta bancária. Ele vai dizer que tudo não passou de um mal entendido e que deveria mesmo é ter mandado o número da sua caderneta de poupança. Enfim... tudo esclarecido.