Você conhece cajá?
Você conhece cajá?
De que forma se monta uma memória?
Como se seleciona momentos a serem guardados na lembrança?
Podem ser os mais significativos: os que nos proporcionaram os melhores momentos, e os piores momentos. Os primeiros, aos quais apelamos insistentemente, e os segundos, que apesar das tentativas, não conseguimos esquecer.
Colocava-me, de vigia, sob a cajazeira, esperando que as frutas mais maduras, e doces, caíssem; uma fruta que me confundia, pelo sabor, ora ácido, ora incrivelmente doce; com um aroma característico, que sentíamos, antes mesmo de sentir o gosto.
Ali sentado, colado à arvore, ficava eu, como um pequeno Newton, aguardando a queda da maçã, ou do cajá...se da cajazeira o fruto fosse o cajá.
Num pequeno horto comprei um pé de cajá, com a promessa de que voltaria à antiga sensação de colher uma fruta, no fundo do meu quintal.
Com que zelo cuidei da muda, tive o cuidado de medir sua altura, assim que foi plantada, queria acompanhar todo se desenvolvimento. Hoje em dia compramos mudas quase que produzindo, e não foi diferente daquela vez.
Num curto espaço de tempo, a muda se fez um arbusto, e o arbusto já se transformava em uma árvore.
A imagem de Newton sentado sob a macieira quase que me deixava com inveja; nunca quis descobrir, ou induzir qualquer lei natural, nem a da gravidade, nem da relatividade, ou seja lá qual fosse; o que eu mais queria é que caíssem cajás ao meu redor.
Sentado sob a árvore, com preguiça, mas atento olhei para a copa, onde vi enormes frutos, que me confundiram ...cajás não são tão grandes.
Uma série de equívocos começou a ser revelar, de uma forma frustrante: procurei um horto não muito confiável; fui atendido por um funcionário leigo ...comprei uma cajazeira que não é uma cajazeira, e, imediatamente, deixei de querer que uma fruta caísse sobre a minha cabeça.
Duas verdades:- eu queria cajá; eu detesto jaca.
Por um impulso ecológico ...deixei a árvore onde estava, e pelos mercados passei a procurar onde posso encontrar cajá ...já produzido.