NÃO SOU COMO A JIBOIA.

Não sabia o motivo, mas essa frase me vei a cabeça, tenho estômago fraco, não sou como a jiboia que come o que presta e o que não presta de um boi.

Confesso que passei o dia matutando essa expressão que me surgiu do nada.

Pensei em coisas do trabalho, mas não achei a ponta do nó para atar esse pé de coelho que me apareceu.

Pensei num amigo , que é uma semente inviável, em matéria de claridade nas expressões. Sabe aquele dia nublado, pois é ,é ele quando se posiciona sobre algum fato, o bom de conversar com ele é que você leva seu discuso para decifrar em casa.

Mas não era ele. Fiquei buscando no vazio, sabe estes cantos que existe na gente que não tem nada, de tão árido que são. Vasculhei coisas passadas, desdobrei papeis, abri páginas da minha história, e nada, o que ouvia era a expressão , não sou como a jiboia.

Larguei mão de descifra-lá, disse: Bobagem minha, tem coisas na vida que é para nascer e morrer lacradas. Parei por algumas horas, mas sabe leitor, não sei se isso já aconteceu com vocês. Aquele canto sonolento lá no fundo da alma te cobrando uma resposta, e do nada você se descobre remexendo as mesmas areias.

Então , era eu, no mesmo campo, tentando descifrar a expressão. E lá quando me sentia exausto. Me veio a mente uma mensagem que havia lido a dois ou três dias atrás, onde uma amiga me dizia: A diferença que há entre nós, é que eu não tenho bandido de estimação.

A essa altura o leitor deve ter pegado o fio da meada. Percebeu-se que se trata do momento acre do pais. E é isso mesmo, sabe estas derrapadas que as pessoas dão do nada, sabe quando a mente deixa de pensar e a língua assume as armas, e dai é tiro pra todos os lados. Porque ,a língua leitor, é um chicote na nossa alma.

Dai pra frente me tornei leve, da expressão dei risadas, ainda não dei a ela uma resposta, tem coisas que não devemos responder, é melhor deixar o tempo dizer, com toda sua calma. A partir deste ponto minha noite ficou livre. E a expressão, a esta altura deve estar em outras bocas...