CONTRATEMPO

Quando surgimos ao mundo firmamos um contrato com a Lei Natural em toda a sua essência no cartório do Existir, as cláusulas contratuais consistem em vivermos sem um prazo estipulado, ao menos para nós. É um vínculo no qual temos apenas responsabilidades sobre os nossos atos, regido pelo juiz, o Tempo, imposto por um acordo unilateral, destinado a estabelecer uma regulamentação subordinada apenas por uma parte, com o escopo de fazermos a nossa história.

Sendo um negócio jurídico, requer, para sua validade, a observância dos requisitos legais, em apenas um único capítulo: necessário viver os momentos sem se esmorecer mesmo em dias nebulosos e de noites passadas em claro. Ainda, que se a felicidade não é perene, tampouco a infelicidade.

As cláusulas contratuais criam a lei entre as partes, porém arbitrado pelo juiz supremo, o Tempo, que conduz a Lei Natural, preceitos esses que não podem estar em desconformidade com a natureza.

O Tempo é justo e absoluto, os atos não têm castigos nem recompensas, tem consequências. O destrato desse acordo está sob domínio do Tempo, em toda sua plenitude e somente ele tem o poder de extinguir, quando bem entender:

O Tempo não tem prazo, não tem idade,

O Tempo é a duração de uma temporada.

Não tem princípio, não tem meio, não tem fim.

É o ontem, o hoje, o agora,

É o crepúsculo, é a alvorada.

O Tempo embala o futuro de uma criança,

Encanta o presente juvenil,

Aflige o ancião em sua esperança.

O Tempo restaura sentimentos

Emenda fragmentos, cura ferimentos.

O Tempo tem o tempero que apura o sabor de viver,

Ensina, acalma, conforta, acalenta, encanta.

O Tempo confunde, se funde com realidade e quimera.

O Tempo dilacera nosso tênue existir, transforma nossa essência em pó, metamorfose que faz de um ser uma simples substância sólida pulverizada.

O Tempo é implacável em seu juízo, aniquila, não espera.

Não ameniza, delibera. Chega logo e logo vai embora.