Amor Platônico
A Há sempre alguma loucura no amor.
Mas há sempre um pouco de razão na loucura.
Friedrich Nietzsche
Nossa existência é permeada por todos os tipos de amor. Da mais tenra idade, até os nossos últimos dias, somos privilegiados em vivê-lo nas suas mais diferentes formas...
Embora já tenha passado por muitas primaveras, não consigo precisar qual dos tipos de amor por mim vivido, foi o melhor.
Será pelo fato de que cada qual teve o seu valor preciso, no momento em que foi vivenciado?
Não sei, mas às vezes acredito que sim!
Buscando um pouco mais, na minha memória, descobri tantos bons momentos amorosos por que passei, e creiam, todos com o seu devido peso. Não saberia dizer qual foi o mais importante...
Hoje vou falar de um deles. Um dos que esteve presente na minha vida ainda quando criança, e que jamais esqueci.
Nessa época, nem imaginava a sua denominação, apenas o senti profundamente.
Contava apenas, com os meus nove anos de idade. Mesmo pequena e magricela, já me considerava adulta, haja vista, ser a filha mais velha e carregar nas costas muitas responsabilidades que poucos adultos tinham.
Também no grupo de amigas eu era a mais velha, o que me favorecia a autonomia em algumas ações, tipo, escolher os horários e as brincadeiras da vez, ou mudá-las sem causar problemas.
Morávamos num bairro razoavelmente grande, mas limitávamos as nossas amizades com os moradores da “nossa” própria rua. Assim, nossos amigos eram sempre os mesmos, até que chegasse algum novato.
Dentre as minhas obrigações, uma delas – talvez a que eu mais gostasse, era ir logo cedo comprar os pães. Diga-se de passagem, a venda era bem distante – e o motivo do meu gostar era esse.
O caminho era perfeito. Tudo me chamava a atenção, mas a égua do carvoeiro, tinha um imã que me atraia e fascinava. Era linda, preta, brilhosa e brava! Diziam até, que ela era louca. Motivo pelo qual passava longos minutos observando-a, enquanto pastava, até o dia em que ela correu atrás de mim, mas isso é um outro caso.
Voltando ao assunto... Lá vinha eu, a passos lentos, cantando “Alecrim dourado” - isso porque vi no canteiro de uma casa, um pezinho de alecrim, quando vi um caminhão de mudança, parado numa casa no começo da minha rua.
Curiosa, fiquei a bisbilhotar, para saber se tinha alguma nova amiga chegando, mas para a minha surpresa, vi apenas um garoto, o qual viria a ser, o meu “primeiro e grande amor”.
Bonito, moreno e bem mais velho que eu. Deveria ter uns treze a quatorze anos. Mas o meu sentimento, nem quis saber desses detalhes pequenos.
Sabe aquela paixão arrebatadora que acontece, sem que, e nem e por quê? Pois foi assim que aconteceu comigo. Pensava em Genário - esse era o seu nome, vinte e quatro horas por dia!
Meu pensamento era único e exclusivo dele. Dormia e acordava com o juízo voltado para ele. Aliás, vivia sonhando acordada...
Se via alguma pipa no ar, lá pelas bandas da sua moradia, já ficava perdida olhando o seu bailado, e achando, é claro, que era ele quem a estava empinando. Daí viajava no tempo... era uma verdadeira loucura esse sentimento que se contentava com tão pouco. Só despertava quando ouvia os gritos da minha mãe, me alertando para as obrigações.
Na cerca da escola, tinha um arbusto, cujas folhas, descascávamos, ficando apenas uma trama finíssima, que colocávamos debaixo do travesseiro, na esperança de aparecer nela, escrito o nome do nosso “amor”, no meu caso, o nome dele...
Que tempo gostoso!
Na época, fiz de tudo para que ele se aproximasse do grupo, e assim pude desfrutar da sua companhia, inclusive cheguei a dançar quadrilha com ele.
Interessante é que, esse meu amor platônico, foi guardado em segredo durante muito tempo, até descobri-lo para as minhas amigas mais próximas, que me atordoavam o juízo, cantando uma musiquinha que falava no nome dele, intitulada “Maria Chiquinha” - uma modinha daquele tempo.
Minha alegria durou pouco mais de um ano, pois no fim do ano seguinte, ele se mudou, e nem deixou o endereço novo. Naquele tempo não existia esse hábito. Apenas acompanhávamos os nossos pais em seus destinos.
Assim comecei os meus primeiros devaneios em relação ao amor. Diria até, que ele ficou como parâmetro na minha vida durante muito tempo.
Em meus sonhos, idealizava sempre encontrá-lo, ou então alguém parecido.
Seguindo a vida, atendendo sempre as lições e regras ditadas pelos meus pais, só comecei de fato a namorar, já na fase adulta, e sem grandes liberdades.
O que não me impediu de sonhar sempre...
Aliás, sonhar é parte da minha vida, assim como o ar que respiro!
A Há sempre alguma loucura no amor.
Mas há sempre um pouco de razão na loucura.
Friedrich Nietzsche
Nossa existência é permeada por todos os tipos de amor. Da mais tenra idade, até os nossos últimos dias, somos privilegiados em vivê-lo nas suas mais diferentes formas...
Embora já tenha passado por muitas primaveras, não consigo precisar qual dos tipos de amor por mim vivido, foi o melhor.
Será pelo fato de que cada qual teve o seu valor preciso, no momento em que foi vivenciado?
Não sei, mas às vezes acredito que sim!
Buscando um pouco mais, na minha memória, descobri tantos bons momentos amorosos por que passei, e creiam, todos com o seu devido peso. Não saberia dizer qual foi o mais importante...
Hoje vou falar de um deles. Um dos que esteve presente na minha vida ainda quando criança, e que jamais esqueci.
Nessa época, nem imaginava a sua denominação, apenas o senti profundamente.
Contava apenas, com os meus nove anos de idade. Mesmo pequena e magricela, já me considerava adulta, haja vista, ser a filha mais velha e carregar nas costas muitas responsabilidades que poucos adultos tinham.
Também no grupo de amigas eu era a mais velha, o que me favorecia a autonomia em algumas ações, tipo, escolher os horários e as brincadeiras da vez, ou mudá-las sem causar problemas.
Morávamos num bairro razoavelmente grande, mas limitávamos as nossas amizades com os moradores da “nossa” própria rua. Assim, nossos amigos eram sempre os mesmos, até que chegasse algum novato.
Dentre as minhas obrigações, uma delas – talvez a que eu mais gostasse, era ir logo cedo comprar os pães. Diga-se de passagem, a venda era bem distante – e o motivo do meu gostar era esse.
O caminho era perfeito. Tudo me chamava a atenção, mas a égua do carvoeiro, tinha um imã que me atraia e fascinava. Era linda, preta, brilhosa e brava! Diziam até, que ela era louca. Motivo pelo qual passava longos minutos observando-a, enquanto pastava, até o dia em que ela correu atrás de mim, mas isso é um outro caso.
Voltando ao assunto... Lá vinha eu, a passos lentos, cantando “Alecrim dourado” - isso porque vi no canteiro de uma casa, um pezinho de alecrim, quando vi um caminhão de mudança, parado numa casa no começo da minha rua.
Curiosa, fiquei a bisbilhotar, para saber se tinha alguma nova amiga chegando, mas para a minha surpresa, vi apenas um garoto, o qual viria a ser, o meu “primeiro e grande amor”.
Bonito, moreno e bem mais velho que eu. Deveria ter uns treze a quatorze anos. Mas o meu sentimento, nem quis saber desses detalhes pequenos.
Sabe aquela paixão arrebatadora que acontece, sem que, e nem e por quê? Pois foi assim que aconteceu comigo. Pensava em Genário - esse era o seu nome, vinte e quatro horas por dia!
Meu pensamento era único e exclusivo dele. Dormia e acordava com o juízo voltado para ele. Aliás, vivia sonhando acordada...
Se via alguma pipa no ar, lá pelas bandas da sua moradia, já ficava perdida olhando o seu bailado, e achando, é claro, que era ele quem a estava empinando. Daí viajava no tempo... era uma verdadeira loucura esse sentimento que se contentava com tão pouco. Só despertava quando ouvia os gritos da minha mãe, me alertando para as obrigações.
Na cerca da escola, tinha um arbusto, cujas folhas, descascávamos, ficando apenas uma trama finíssima, que colocávamos debaixo do travesseiro, na esperança de aparecer nela, escrito o nome do nosso “amor”, no meu caso, o nome dele...
Que tempo gostoso!
Na época, fiz de tudo para que ele se aproximasse do grupo, e assim pude desfrutar da sua companhia, inclusive cheguei a dançar quadrilha com ele.
Interessante é que, esse meu amor platônico, foi guardado em segredo durante muito tempo, até descobri-lo para as minhas amigas mais próximas, que me atordoavam o juízo, cantando uma musiquinha que falava no nome dele, intitulada “Maria Chiquinha” - uma modinha daquele tempo.
Minha alegria durou pouco mais de um ano, pois no fim do ano seguinte, ele se mudou, e nem deixou o endereço novo. Naquele tempo não existia esse hábito. Apenas acompanhávamos os nossos pais em seus destinos.
Assim comecei os meus primeiros devaneios em relação ao amor. Diria até, que ele ficou como parâmetro na minha vida durante muito tempo.
Em meus sonhos, idealizava sempre encontrá-lo, ou então alguém parecido.
Seguindo a vida, atendendo sempre as lições e regras ditadas pelos meus pais, só comecei de fato a namorar, já na fase adulta, e sem grandes liberdades.
O que não me impediu de sonhar sempre...
Aliás, sonhar é parte da minha vida, assim como o ar que respiro!