O METIDO A ESPERTO ESTÁ SOLTO!

A minha esposa é proprietária de uma pequena sorveteria aqui no bairro onde moramos. Ela já presenciou cada caso estranho, esquisito no seu local de trabalho, mas quando menos espera, sempre surge outro cada vez mais atípico. Vejamos este.

Certa ocasião, enquanto ela comprava alguns produtos numa casa de embalagem, eis que adentra neste estabelecimento um rapaz muito alegre, esfuziante, para não dizer, desmunhecado e interrompeu a conversa, dizendo:

- Senhora, eu vim aqui reclamar de um troco errado que foi passado sábado. Eu lhe dei vinte reais e a senhora me deu o troco como se eu tivesse dado dez.

Nesta ocasião, a dona da loja de embalagem tentou ignorá-lo e, educadamente, pediu que aguardasse um pouco que já ia atendê-lo. A minha esposa, após ser atendida deixou aquele local e tentou esquecer aquela pendência. No dia seguinte, enquanto conversava com uma amiga ali na sua sorveteria, eis quem entra repentinamente?: O dito cujo que no dia anterior estava cobrando um troco errado da dona da loja de embalagem. E qual foi o “discurso” deste rapaz? Adivinha? O mesmo usado naquela outra ocasião. Só que neste momento, como ele chegou de surpresa, como sempre, deu um branco na sua memória e não conseguiu se lembrar de onde tinha visto aquela figura exótica, toda cheia de melindres ou se fingindo, como sempre. E já interrompendo a conversa das duas repetiu o velho discurso decorado:

-Senhora, eu vim aqui fazer uma reclamação de um troco errado que recebi sábado passado. Eu dei vinte reais e a senhora me deu o troco de dez.

Quando a minha esposa ouviu isto, no ato ela teve aquele pressentimento de já vu e, imediatamente tentou encurtar aquela conversa fiada, dizendo:

- Moço, não lhe dei troco errado nenhum e mesmo que tivesse dado, por que só agora veio reclamar depois de dois dias?

- Senhora, juro por Deus, eu comprei duas bolas de sorvete e lhe dei vinte...

- Pra começo de assunto, nós aqui não vendemos sorvete por bolas e sim por peso. Puxa o carro, você quer aplicar um golpe...

Ao perceber que a minha esposa pegou-o em contradição, ou melhor, na mentira, e já ia desmascará-lo mais ainda, ao sair tirou uma duas notas de dois reais e falou:

- Eu não preciso de sua esmola não, eu tenho dinheiro. A senhora é muito estúpida.

Só foi o meliante pisar fora a minha esposa logo se lembrou de onde o tinha vista aplicando o mesmo golpe: lá na loja de embalagem no dia anterior. E só para ratificar, no mesmo dia foi lá para saber o final daquele entrevero. E segundo a vítima, como a lorota daquele homem coincidiu com um fato que tinha acontecido no dia em que ele falou, ela terminou lhe dando o tal troco errado, ou seja, o golpe foi concretizado. Coincidência ou não, os tais dez reais, pelo que se sabe, é o valor de um papelote de maconha por estas biqueiras da periferia.

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 18/05/2017
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